domingo, 18 de fevereiro de 2024

Feliz Ano Novo

Início das férias. Natal. Ano novo. Família. Amigos. Viagens. Retorno. Trabalho. Carnaval. Quarta-feira de cinzas. Desfile das campeãs. Domingo anunciando a segunda. Agora sim, feliz ano novo. 2024 iniciando. Que seja bom.

terça-feira, 22 de maio de 2018

Saudade em fragmentos 1

Conheci o significado da palavra “saudade” com quase quarenta anos. Sim, já havia sentido saudade, é claro. De uma amiga que foi embora para Campinas, com quem me correspondi por carta durante alguns anos. Sim, carta. Não havia internet, muito menos WhatsApp. Depois, a vida nos levou a caminhos diferentes e à arte do desencontro. Senti saudades dos amigos e das tardes de basquete quando mudei de escola. E saudades de dormir à tarde quando comecei a trabalhar. Saudades brandas, leves… Também senti uma saudade-que-aperta-o-coração da risada da minha tia, dos cabelos grisalhos do meu avô, da alegria da minha avó. Saudade de gente que partiu. Saudade apertada essa. E aí, sem avisar, chegou uma saudade que dói. Dói mesmo. Uma saudade que carta, telefone, internet nenhuma dá jeito. Nem fotos, nem lembranças. A saudade de alguém que vai embora, vira estrela e que talvez, um dia, encontre de novo. Talvez. A morte é repleta de talvez. Talvez a pessoa vire estrela, talvez ganhe o descanso eterno, talvez encontremos um dia. Talvez. E no meio desse tanto de talvez, há uma certeza: a saudade que teima em inundar os olhos, a acelerar o coração, a tornar os dias cinzas. A saudade da minha mãe.

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Desejos

Desejo a vocês... Fruto do mato Cheiro de jardim Namoro no portão Domingo sem chuva Segunda sem mau humor Sábado com seu amor Filme do Carlitos Chope com amigos Crônica de Rubem Braga Viver sem inimigos Filme antigo na TV Ter uma pessoa especial E que ela goste de você Música de Tom com letra de Chico Frango caipira em pensão do interior Ouvir uma palavra amável Ter uma surpresa agradável Ver a Banda passar Noite de lua cheia Rever uma velha amizade Ter fé em Deus Não ter que ouvir a palavra não Nem nunca, nem jamais e adeus. Rir como criança Ouvir canto de passarinho. Sarar de resfriado Escrever um poema de Amor Que nunca será rasgado Formar um par ideal Tomar banho de cachoeira Pegar um bronzeado legal Aprender um nova canção Esperar alguém na estação Queijo com goiabada Pôr-do-Sol na roça Uma festa Um violão Uma seresta Recordar um amor antigo Ter um ombro sempre amigo Bater palmas de alegria Uma tarde amena Calçar um velho chinelo Sentar numa velha poltrona Tocar violão para alguém Ouvir a chuva no telhado Vinho branco Bolero de Ravel. Carlos Drummond de Andrade

terça-feira, 26 de junho de 2012

Uma música, doces lembranças...

No palco, acompanhado de uma orquestra primorosa, Milton Nascimento canta suas canções doces, intensas, poéticas. E, de repente, anunciada pelos acordes dos músicos, concretiza-se na voz do poeta aquela canção que tocou numa noite especial, noite essa que marcara o fim de um tempo tão bom que hoje só vive na memória. Os sentimentos de outrora foram despertados ali, no teatro, durando a efemeridade da música, do primeiro ao último acorde. Grandes amigos, a quadra da escola, a pracinha, os geladinhos no bar, os ovos que marcavam a passagem do ano, o basquete, as paixões, as tardes de sexta-feira, as brigas, os risos, os choros, a subida do Colina Verde, os segredos, tudo passando velozmente pela memória, marejando os olhos... Um tempo que não volta, que deixou saudade, mas que, sem dúvida, ainda é tão parte de mim. *Esse texto é para vocês, amigos, que compartilharam esse tempo bom.

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Leitura, memória, livros e afetos

***Transcrevo aqui o texto publicado no Midiaeducação (http://midiaeducacao.com.br/?p=9360) Um convite para escrever não poderia resultar em outro assunto senão leitura, minha grande paixão. É sobre o entrelaçamento de leitura, memória, livros e afetos que vou tecer algumas linhas aqui. Se a literatura está hoje presente em minha vida é porque somos aquilo que vamos colhendo nos “bosques” que atravessamos. História, de acordo com meu repertório, significa a minha mãe nos apresentando aquelas enciclopédias pesadas e cheias de páginas para tentar sanar as dúvidas representadas pelos porquês da infância; o meu pai com seus livros de cabeceira e suas revistas de atualidades e a avó querida embalando nossos sonhos de sábado à noite com os contos de fadas tradicionais ou com as histórias de ar que inventava. Já na escola, visitei o Menino Maluquinho, uma certa fada que tinha ideias, a Isabel marcada por uma lágrima, o Zezé e o carinhoso Portuga e o Tistu com seu dedo verde. Essas visitas levaram-me a buscar e conhecer novos sendeiros como Manuel Bandeira e o gostoso ritmo de seus poemas, Drummond e os ombros que suportam o mundo, a sensibilidade de Cecília Meireles, a poesia mínima de Helena Kolody, o doce e sofrido Miguilim de Guimarães Rosa, dentre outros tantos autores, personagens e obras que me fizeram sorrir, chorar, amar e até mesmo odiar. São imagens como essas que povoam minha memória e que acesso quando falo em histórias, leituras. A palavra história fica grávida de significados quando busco na memória recordações passadas, mas também presentes. Isso porque memória não é simplesmente um passado, um ponto final, um fim em si mesma. A memória é construção, está em constante renovação. A cada nova leitura realizada, a memória é também renovada. Nela, os livros que nos desafiam, que nos afetam de alguma forma, vão morar. E ali ficam adormecidos, para despertarem com o mais delicado sussurro, provocando mais uma vez os sentimentos – ora outros, ora os mesmos. Quando lemos um livro, um quadro, um filme, uma peça, um musical, enfim, um texto, deparamo-nos com alguns sinais que emanam uma motivação e que nos fazem acionar a memória, criar laços com a alma, com o coração. Esse acervo de histórias que fica em nossa memória nos faz refletir sobre o que lemos. Com a leitura, colhemos conhecimentos que são armazenados na memória; assim dá-se a interpretação, assim atribui-se à memória a condição de herança valiosa, que é renovada a cada dia. E como a memória de cada indivíduo conta com determinadas lembranças, cada leitor visita um texto de um modo, descobrindo nele diferentes tesouros. É como Helena Kolody diz sabiamente em um de seus poemas: no poema e nas nuvens, cada um descobre o que deseja ver. É por isso que a literatura liberta e nos convida a grandes voos, voos de águia. Abrir um livro, ver um filme, ouvir uma música, apreciar um quadro, é deixar aflorar as muitas malas contendo as bagagens da vida. É acessar memórias pessoais e coletivas e renová-las. É ler com olhos-de-ver-o-mundo, buscando o novo a partir da herança viva que se traz nas veredas da memória, é tecer as palavras liberdade, transformação e identidade – ave palavra! – com todos os seus significados, no coração e na memória. Ler é criar uma grandiosa teia de afetos que transformam o ser num contínuo e sempre novo ir-e-vir. É por isso que tenho a literatura como uma grande paixão.

sábado, 17 de março de 2012

Dia em mim

Com o dia sendo anunciado
lá fora, pela luz da manhã,
seus braços me envolvem num abraço
e seus lábios tocam docemente os meus.
E assim, o dia lá fora
faz dia também em mim.

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Embrulhos


Os embrulhos
feitos lindamente
de papel pardo
e laços de barbante
chegaram essa semana
de mansinho, de surpresa
pelo correio da vida
para fazer recordar
que é preciso coragem
esperança, utopia e sonhos
que é preciso amor
crença, paixão e afetos.
Os embrulhos?
Já guardados
calentando o coração.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Lua, hoje...


Às vezes a lua no céu parece ganhar um sentido um tanto diferente aos olhos de quem a observa aqui embaixo, com os pés no chão. A lua afaga a alma, alumia o coração, desperta os sentidos, provoca o desejo pelo desconhecido, pelo mistério da vida. Cheia de si, plena, faceira, passeia pelos olhos e provoca suspiros, afetos, paixões lá do alto, tão alto, fazendo os pés deixarem - ainda que momentaneamente - de tocar o chão.

sábado, 3 de dezembro de 2011

Doces memórias doces

Sinto saudades de quem está longe. Das conversas fora de hora. De chegar e olhar para cima, procurando a luz acesa do quarto.
Sinto saudades de quem partiu. Do riso sincero e franco. De fazer cafuné.
Saudades sinto também do tempo que foi. Das tardes na praça e na quadra, embaixo de sol e chuva, das paixões inocentes que ficaram lá trás.
O cheiro do lanche, o roçar das mãos, o gosto da cana cortada pelo avô e do doce de leite, as histórias contadas e recontadas, os discos voadores perseguidos nas noites de sexta-feira. Saudades! Tudo ultrapassado velozmente pelo tempo. Tempo esse que passou mas, generoso, não apagou da lembrança as doces memórias.

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Adeuses

Dia de despedida. A vida, em seu constante movimento do ir-e-vir, acaba mesmo sempre em despedida: despedidas que anunciam o novo e que despertam saudade.
Pouco menos de um ano vendo os mesmos olhares e trejeitos, aprendendo a reconhecer a voz, a letra, tentando até mesmo decifrar pensamento... Isso é aprender a conhecer. Aprender a gostar. Aprender a respeitar e a querer bem.
A tarde ensolarada de quase-dezembro foi inundada de música, conversa, futebol, guloseimas e muita - muita! - correria e animação. E também de sorrisos e algumas lágrimas.
Mais um rito de passagem se cumpre, adeuses invadem o coração e a espera pelo novo, pelo aprender-a-conhecer-novamente outros olhares compartilha o espaço com a saudade que começa a brotar.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Recuerdos

Saudades de quem não está ao alcance dos olhos, mas faz bater apressado o coração.
Faz a alma sorrir quando a memória desata a recordar de histórias que já foram um dia.
Faz as mãos sentirem o toque, o abraço que agora é preciosa recordação.
Saudades do que já foi e que, de certo modo, teimosamente ainda é em mim.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Ampulheta da vida

O tempo vai sinalizando o término de mais uma fatia da vida, o início de outra, e o trajeto de-um-lado-ao-outro é repleto de ventania, tempestade. As horas de sono diminuem ainda mais, a agenda fica com suas páginas coloridas de compromissos, o mural cheio de não-esqueça!, as pilhas de papel abarrotam todos os cantos e armários e estes pedem uma arrumação, por favor!
Mas também há flores e borboletas enfeitando este trajeto, lembrando as amizades feitas e refeitas, os sonhos sonhados e alguns conquistados, os livros lidos e relidos, os presentes recebidos dos meses do 2011 que vai acabando na ampulheta da vida.

domingo, 18 de setembro de 2011

Semana literária

O Sesc promoveu, aqui em Curitiba, uma semana repleta de discussões acerca da Literatura. Milton Hatoum, Ana Maria Machado, Cristóvão Tezza, Mariana Ianelli, Michel Laub, dentre outros, discutiram sobre o espaço ocupado pela literatura na sociedade atual. Os discursos, embora heterogêneos, perpassaram por caminhos comuns: a necessidade de formarmos leitores, a literatura que seduz, as relações entre realidade e ficção e o papel social da literatura, que descortina outras realidades ocultas, levando-nos a percorrer sendeiros inusitados, experimentando novas perspectivas e sentimentos.
Parabéns ao Sesc, ao José Castello e a todos os envolvidos por promover o encontro entre literatura, autores e leitores, alegrando mais uma semana fria na cidade.

domingo, 14 de agosto de 2011

Memória no palco

Entra no palco, entre luz e sombra, aquela figura pequenina e sorridente, segurando um violão, embalando o corpo de um lado para o outro com a melodia tocada. Assim Toquinho entra no palco do Teatro Positivo, cantando e tocando canções cravadas na história, embalando a noite de sábado com deliciosas lembranças.
A cada acorde tocado, o baú da memória é visitado, mexido e remexido. E dali, saltam os dias da infância, quando papai tocava violão nas noites sem luz do sobrado. O violão do irmão que rompia com o silêncio da praia. A voz encantada da avó explicando o que significava o "descolorirá" da vida. As aulas em que redescobri Vinicius de Morais, Tom Jobim, Toquinho, Baden Powell com o olhar da academia, mas sem abandonar o olhar do coração. O livro que anda meio adormecido na estante, com a história da Bossa Nova. As mãos entrelaçadas no auditório, ouvindo "os beijinhos que darei na sua boca", procurando algo mais... que não veio. As "Músicas para decifrar você" que chegaram, carinhosamente, pelo correio e que, mesmo depois de tanto tempo, ainda tocam. As ruas do Rio de Janeiro exalando toda a história da Bossa Nova. As mesmas ruas em que caminharam, num outro tempo, noutra terra, uma gente, uma vontade e um violão.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Oui?

Muitos amores
Alguns dissabores
Soma de encontros
E desencontros
O vem, o vai
O ir, o vir
C'est la vie!
Oui?

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Literatura, lugar de encontro

Ontem, numa noite fria curitibana, o calor das palavras de Bartolomeu Campos de Queirós aqueceu o coração dos presentes no Teatro Paiol.
O escritor, envolvido em seu cachecol, participou do belíssimo evento "Paiol Literário", um bate-papo acerca da literatura mediado por Rogério Pereira. Contou histórias de sua infância, falou do encantamento da literatura e dos grandes problemas que a sociedade enfrenta por não formar leitores.
Idealizador do "Manifesto por um Brasil literário", Bartolomeu vive a literatura com carinho e a tem como um lugar de encontro, como uma boa prosa com a dúvida, com a incerteza, com o encontro , com a delicadeza.
Quando questionado sobre o papel da escola na formação de leitores, com voz doce e olhar reflexivo, o autor diz que a escola foi feita para servir, a literatura para encantar. Como que contando "causos" fala do olhar do professor que imobiliza, da escola-que-é-mensurada-por-números e da necessidade do afeto, da carícia do olhar. Diz ainda que educar pressupõe deixar o outro ser dono do próprio destino e que a criança aprende para ser amada por aquele que sabe: o professor.
Portanto, enquanto a escola for medida com números e deixar o encantamento do lado de fora da sala de aula não será capaz de promover o encontro do leitor com a magia, com a liberdade, com a palavra que organiza o caos, com os silêncios do texto, com o mundo sonhado que só encontramos nas páginas de um livro.

domingo, 5 de junho de 2011

Você lembra?

Um dia, assim, de repente, abrimos os olhos um pouco diferente e descobrimos que não, o para-sempre não é mesmo para sempre.
As amizades não são para sempre.
Os amores findam.
A felicidade não é eterna.
Os bons momentos terminam.
A vida é um eterno ir-e-vir, o mundo gira-e-gira com o aval do tempo. Tudo muda, tudo passa,tudo acaba.
Mas nesse ir-e-vir, tudo também recomeça. Recebemos de presente outros amigos. Temos o coração calentado por novos amores. Nossos dias são invadidos por bons momentos que a felicidade - por vezes efêmera que só ela - traz.
E tudo que o tempo traz e leva tatua a memória. Assim, os cheiros, os sabores, os sons, as imagens, o calor da vida estão sempre a brincar de "você lembra?" com o pensamento e com o coração.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Literatura Infanto-Juvenil

Literatura Infanto-Juvenil é literatura, minha gente.
Literatura que inicia os leitores no mundo tão real e tão imaginário, literatura que seduz, literatura que liberta!

segunda-feira, 23 de maio de 2011

A banda mais bonita da cidade

O mesmo link com o título "Oração" apareceu com uma recorrência incrível no facebook neste final de semana. Meus olhos, de tanto visualizarem o link, aguçaram a curiosidade de alma que, finalmente, se rendeu. Que surpresa boa! Imaginei que fosse alguma oração-em-forma-de-música-gospel... Imaginação equivocada essa! A banda mais bonita da cidade,grupo aqui de Curitiba, gravou o clipe "Oração" de uma só vez, sem interrupções. A música, embora repita muitas e muitas vezes a pequena letra, tem uma melodia doce e, aliada à alegria do grupo, nos convida a saltar da cadeira e adentrar a aconchegante casa que serve de cenário. Os mais de 900 mil acessos no youtube mostram não só que a música agradou o público, mas a velocidade que a informação circula na internet. Aqui, informações sobre o show da banda dia 09/06, no Sesc da Esquina: http://www.sescpr.com.br/noticias.php?getNoticia=2433


quinta-feira, 5 de maio de 2011

Os 30!

À meia-noite, família reunida e o tradicional parabéns à você. Depois de abraços, presentes abertos e bonitas palavras ao pé d'ouvido, uma noite de sono tranquila. Ao acordar, beijo carinhoso da mãe, do irmão, da Nega. Um almoço preparado com carinho é compartilhado por pessoas queridas, embaladas pela conversa gostosa e pelo chorinho do sobrinho. Depois do café gostoso com o maninho e com a mãe-mais-especial-desse-mundo, aula! Mais um, mais dois, mais três!! parabéns à você e ao chegar em casa, a surpresa: pai, mãe, irmão, irmã, cunhado, sobrinho, vô, vó, primo, irmãozinho, todos envolta da mesa lindamente preparada pela irmã: chapeuzinho, bexiga, pizza, brigadeiro que só ela sabe fazer e cerejas! E assim, entre muitos parabéns, abraços fraternos, sorrisos queridos e bolo começaram meus 30 anos (ou, como quer meu irmão, meu 31º ano de vida, ainda incompletos).

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Literatura e torta: combinação perfeita

Um livro estava morando já há algum tempo na minha estante, aguardando ser aberto. Deveria ter ganhado vida no primeiro semestre do ano passado, quando fiz a disciplina da professora Marta, mas... Enfim, sempre tem o "mas" se intrometendo onde não foi convidado. E sendo ludibriado logo em seguida.
Há cerca de duas semanas, abri finalmente o livro e me deliciei a cada página. "A sociedade literária e a torta de casca de batata", de Annie Barrows, mostra como a literatura pode transformar a vida de pessoas que viveram o terror da Segunda Guerra, na pequena Guernsey. Compartilhando leituras e tortas de casca de batata, as personagens desse romance epistolar procuram um meio de sobreviver a todo o horror de uma guerra.
Nas cartas, as personagens vão tecendo suas histórias, relatando suas vivências, temores, expectativas. E nós, leitores, vamos nos familiarizando e nos enternecendo com cada história contada. Mas - olha o "mas" aí novamente -, apesar da agradável leitura envolvendo livros e leitores e tortas (um trio para ninguém botar defeito), o final deixa a sensação de que algo poderia ser melhor: o happy end só afirmou o já esperado desde o início do enredo.

sábado, 19 de março de 2011

Vermelho como o céu

Ontem, depois das últimas aulas da semana, revi um filme daqueles que fazem um bem enorme para a alma, para o coração.
Mesclando a narrativa com a poesia, o filme italiano do diretor Cristiano Bortone conta a história de Mirco, um garotinho que perde a visão após um acidente. Sem pieguice, o filme aborda com simplicidade a infância de garotos que, como Mirco, descobrem que podem fazer da cegueira uma aliada, vivenciando momentos de ternura, revolta, prazer, alegria e tristeza, regados à imaginação e à peraltice.

título original: (Rosso Come Il Cielo)
lançamento: 2006 (Itália)
direção:Cristiano Bortone
atores:Francesco Campobasso, Luca Capriotti, Simone Colombari, Marco Cocci.
duração: 96 min
gênero: Drama

sábado, 29 de janeiro de 2011

Biutiful

Cheguei ao shopping, estacionei o carro, desci a escada rolante. Não havia fila, cheguei ao balcão e pedi: "uma entrada para o Biutiful, por favor". Olho no relógio, ainda havia tempo. Subi novamente a escada, adentrei a livraria. No vai-e-vem entre as estantes, um novo livro sobre o Chico Buarque e um CD da Maria Gadú. Olho no relógio, 5 minutos para a sessão. Bom chegar assim, bem na hora, para não haver perigo da solidão sentar ao meu lado. Desci uma vez mais a escada, parei, comprei guloseimas e adentrei a sala...cheia! Escolhi um lugar mais discreto, sentei e foi assim que comecei a assistir ao meu primeiro filme sozinha. Nada de troca de olhares reprovando uma cena, risinhos de gostosura ou mãos entrelaçadas. Nada de esse-filme-do-trailler-eu-quero-assistir ou afago e beijinho. Só eu e os personagens, que sofriam no mais terrível jogo da vida. E os estranhos que se fizeram presentes de repente, quando levantaram com o filme ainda na tela, saindo da sala com cara de o que é isso...

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

O tempo chegou!

Chegou o momento do balanço do ano. Hora de rebobinar a fita - sim, sou do tempo da fita! - e olhar com o coração o que foi feito dessa fatia de tempo chamada 2010. E nesse movimento do ir-e-vir nos episódios da vida, é também tempo de planejar. De renovar os sonhos. De lirar-se dos fantasmas e celebrar a vida, os afetos. De agradecer os presentes recebidos.
Então, brindo o ano que se aproxima e agradeço com todo o afeto a vocês, família querida e amigos-irmãos, meus presentes mais preciosos desse ano que se finda.

Bem-vindo, 2011!

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Virada Cultural

Curitiba, neste último final de semana, foi presenteada com a Virada Cultural. Música, pintura, palestras, teatro foram chegando de mansinho nos parques, praças, museus e teatros da cidade. Infelizmente, não pude estar presente em todas as apresentações, mas quero destacar aqui o show do Paulinho da Viola, em frente ao Paço Municipal. Não, não é por ser fã. Nem mesmo pela simplicidade e simpatia do artista ou por suas músicas que fazem bem pra alma. O que me surpreendeu foi o clima que deliciosamente tomou a praça Generoso Marques e suas cercanias. O sol, as pessoas cantando, crianças embaladas pelo ritmo, o sentimento de alegria e paz... Arte faz tão bem!

terça-feira, 26 de outubro de 2010

O relógio da vida

Naquela tarde de sol, calor de dezembro, assim que entrei na escola e me dirigi ao pátio para levar minha turma até a sala de aula, fui rodeada pelos alunos, que tinham os olhos ainda mais risonhos do que de costume. Todos, com canetas nas mãos e um brilho que teimava não deixar o canto dos lábios, pediam que eu assinasse as camisetas “para guardar de recordação, professora!” – ainda que não tenham aprendido exatamente o significado dessa palavra.
Bastou meus olhos abraçarem essa cena para o coração conversar com a memória e dias bons - muito bons! - tomarem conta da alma.
Fim do ano, alívio pela aprovação, alegria anunciando as férias na praia com a família e o gostinho de saudade dos dias que foram embora e dos amigos que pareciam ser eternos. Fim do ano anunciando a chegada sorrateira do outro, quando novamente atravessaria o tempo entremeado de leituras, provas, estudos, jogos, histórias, Maristelas, Marios, Monicas, Cleusas, Claudecenes e Gerusas.
É exatamente aí que entra o rito de passagem: assinatura de camisetas, amigo secreto (não tão secreto assim), choro, boletins, alegria com pitadinha de tristeza e, claro, dúzias e dúzias de ovos espatifados nas cabeleiras, marcando cada fatia do meu tempo de escola.
Naquela tarde de sol, calor de dezembro, olhei para os meus alunos e vi no espelho da alma que tudo mudou. Não sei bem em que momento o ponteiro correu no relógio da vida e passei a assinar “Um beijo, profª” nas camisetas. Mas! Não, nada mudou. Um novo século foi anunciado, mas no tempo zombador e perspicaz, muitos dos ritos permanecem. Assinei camisetas, entreguei boletins, bracinhos circundaram meu pescoço, beijos estalaram em minha face, olhos sorriram um tanto marejados, a palavra “saudade” uniu presente e passado... E saí da escola pisando em ovos - ou no que sobrou deles.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Professores de minha vida

Aos 5 anos pisei no chão da escola pela primeira vez. Não lembro do rosto de minha professora, mas suas mãos estão vivas em minha memória, abrindo minha garrafinha de suco da Turma da Mônica - eu nunca conseguia abrir sozinha!
Poucos anos depois, na casa de madeira, a tia Rosi mostrava a cortina da sala de aula e explicava: "o substantivo composto tem duas palavras, igual a barra dessa cortina, que é dupla". A tia Cláudia queria sempre ver minha letra maior... E pra isso, fiz muitas folhas do caderno de caligrafia. (Sim, minha letra aumentou!)
Terminei a 4ª série, mudei de escola, e continuei aprendendo, aprendendo. Na escola dos meus sonhos, fiz teatro com a Claudecene, aprendi a ver os ipês florescerem com a Maria Helena, li grandes autores - sem saber disso - com a Gerusa, gostei dos números (incrível!) com a Lilian, conheci uma amiga-mais-que-professora na Florise.
Mais uma etapa encerrada. Adentrei pelos portões do IEP. Novas boas surpresas. Compromisso com a educação, vontade de ensinar, formação crítica e uma professora que ficou na história: Cleusa querida, Cleusa dos beijos históricos, Cleusa da Lapa!
Escolhi meu caminho, entrei definitivamente para as letras - acho que sempre gostei disso -, descobri a linguística e a literatura. Conheci o Vinicius espiritualista com o Édison, descobri o rei da França calvo com o Borges, decidi que iria para a Espanha nas aulas da Terumi.
Caminhando mais um pouco no tempo, conheci as múltiplas linguagens, o afeto, os acervos e a magia de formar leitores com um trio fantástico: Marta-do-olhar-firme, Nancy-que-sorri-com-os-olhos e Eliana-da-voz-doce.
Um pouco disso tudo tempera meu eu-professora. Foram por essas mãos ternas, firmes, muitas vezes exigentes, que me tornei... eu! E por isso, o meu profundo agradecimento e a minha eterna admiração, mestres queridos!

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Bienal do Livro do Paraná

Início da noite, Bienal do Livro do Paraná. Depois de enfrentar um trânsito típico das 6, encontrar alunos e amigos que têm em comum o amor pela literatura acaba com qualquer mau humor.
Num ambiente aconchegante - um café literário -, Cristóvão Tezza e José Castello discutem o processo de criação literária, as vozes do romance, o livro e o leitor. Ouvir palavras apaixonadas e ver olhos brilhando na sala cheia (é uma maravilha ver filas para entrar em palestras literárias) afirmam o importante espaço da literatura na sociedade.
Fica aqui, portanto, o elogio ao evento e aos autores da noite de hoje e também a mesma crítica feita à Bienal de Curitiba que aconteceu no ano passado: o excesso de livros comerciais e falta de novidades nas estantes das editoras presentes que, aliás, eram todas locais.

domingo, 26 de setembro de 2010

Amanhecer

Há exatamente 8 meses não via o dia amanhecer... Não veio assim,iluminado pelo sol primaveril, mas iluminado pelo motivo de estar ali, sentada à mesa com aquelas pessoas, naquele lugar, com vestido de festa. Entre os prédios da cidade, surge a claridade do dia. A noite dorme, a música cessa, e o sabiá (ou uma gralha azul?) anuncia o novo.

domingo, 19 de setembro de 2010

O tempo

O tempo, artesão de histórias,
tecelão de sentimentos.
Faz da dor, saudade,
do sonho, outro sonho,
da inquietação, acalanto,
da paixão, amor,
do encanto, desencanto,
do desencanto, encanto,
da dúvida, entendimento,
do desencontro, encontro.
O tempo, o sábio tempo.

domingo, 22 de agosto de 2010

Quebra-cabeça

Ontem, aqui em Curitiba, o dia de sol foi celebrado à noite, no Teatro Guaíra, com o show Quebra-Cabeça, de Oswaldo Montenegro. Letras de uma sensível poeticidade, a voz de um grande intérprete, músicos em sintonia e a flauta de Madalena Salles encheram a alma de alegria e emocionaram o público.
Acordei cantarolando em mais um dia ensolarado na nossa terrinha.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Alma

Minha alma anda falando, falando...
Mas tal é o sussurro
que provoca o pensamento:
o que tanto fala essa alma?

domingo, 15 de agosto de 2010

Uma noite em 67

Frio combina com... Cinema!!
Aos amantes da boa música, uma dica é assistir ao documentário "Uma noite em 67". Entrevistas e músicas na voz de Chico Buarque, Edu Lobo, Roberto Carlos, Sérgio Ricardo, Caetano Veloso e Gilberto Gil no palco do Festival da Record de 1967, que revolucionou a música popular brasileira.
Entre aplausos, vaias, violão quebrado e as ideologias de uma época, fica a vontade de sair cantando - já que isso não é possível no cinema - e o questionamento: por que aqui em Curitiba o documentário está em apenas uma sala de um cinema (Unibanco Arteplex) enquanto filmes comerciais (nada contra, também assisto) lotam todas as demais salas?

Gênero: Documentário
Classificação: Livre
Site: http://www.umanoiteem67.com.br
Direção: Renato Terra e Ricardo Calil
Elenco: Caetano Veloso, Chico Buarque, Edu Lobo, Gilberto Gil, Paulo Machado de Carvalho, Roberto Carlos, Sérgio Ricardo e Zuza Homem de Melo

sábado, 3 de julho de 2010

Copa

O Brasil, depois de um belo primeiro tempo, volta para casa. Dá uma tristeza danada ver, no caminho para a escola, o verde-amarelo estampado nos carros, prédios, casas misturado ao silêncio.
Mas, incrível como a tristeza foi atenuada hoje quando, ainda deitada na preguiça da manhã, ouço o jogo que vem da TV da sala. Como é bom ver Diego Armando Maradona volver a su casa! Adiós!

domingo, 16 de maio de 2010

Nossa estrelinha

Saudade de seu riso,
do seu olhar doce,
da sua voz suave,
de suas mãos afetuosas,
da sua gargalhada
que ainda ecoa em minhas memórias.
Nas fotos, na letra, nas palavras, nas caixinhas,
ali você repousa, ainda alegre, ainda gargalhando.
Saudade, saudade, saudade.

sábado, 8 de maio de 2010

Um pouco que diz muito

NO MUNDO DA LUA

Não ando na rua.

Ando no mundo da lua,

falando às estrelas.




Helena Kolody

sábado, 24 de abril de 2010

Vergonha, Paraná!

Falta de vergonha na cara? Piada sem graça? Show de horrores? O povo paranaense tem presenciado nas últimas semanas uma infinidade de dissabores na política. É o topa-tudo-por-dinheiro-e-poder movendo o ser humano. E assim caminha a humanidade. Gente elegendo e reelegendo gente desonesta, vivendo suas vidinhas sem olhar para frente, botando no próprio rosto nariz de palhaço!
Mas!
No meio de tanto marasmo há - sim, há! - estudantes manifestando a insatisfação, lutando por uma política mais séria, por justiça e punição daqueles que roubam descaradamente e que ocupam uma posição privilegiada na sociedade, mas que só olham para o próprio umbigo. E lutando com a irreverência e a intensidade tão próprias da juventude.
Que horas são?
É hora de ser honesto! É hora de sair da passividade, de votar seriamente e com responsabilidade, de indignar-se, de movimentar-se! Vamos, Brasil, hora de despertar!

quinta-feira, 4 de março de 2010

Curriculum Vitae

Sou mulher, neta, filha, irmã, sobrinha, prima, amiga, professora. Como qualquer ser humano, sou múltipla. Já tive dias de Maria, de Helena, de Amèlie, de Macabéa, de Capitu, dormi Pollyana e despertei Medéia. Ou vice-versa.

Quando ingressei nesse ofício chamado vida, tive amigo imaginário, fiz cicatriz que hoje é história, ganhei bicicleta, pedi Barbie. Depois, com amigos reais, ri muito, sofri um pouco, brinquei horrores, vi estrelas, disco voador, fiz esconderijo e joguei muita bola - futebol, basquete, espirobol – até descobrir outros prazeres.

Resolvi ser diarista, policial, depois professora. E fiquei professora. E gostei!

Abri livros, descobri histórias e percebi que eu era personagem da vida. E que queria escrever minha própria história numa sala de aula. E viajando. E lendo. E fazendo mestrado. E depois doutorado. E escrevi bem assim.

Então dei muitas aulas. Viajei para a Espanha. Li para ler sempre mais. Fiz mestrado. Passei no doutorado.

Mas... Sempre esse “mas” intrometido resolve fazer uma visita. Não escrevi que queria chorar. Chorei. Nem que queria perder. Perdi uma pessoinha que virou estrela. E descobri que a gente escreve só uma parte da história, a outra vem escrita. MAKTUB!


*Curriculum escrito para a aula de Produção de Texto, 6ª série. Esse é o meu!

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

2010

O ano começou e com ele surgiram novas aspirações, velhas saudades, muitos projetos, alguns sonhos. Os pés na areia ficaram na lembrança, dando lugar ao cosmopolitismo, que invadiu a cabeça sem cerimônia. Organização dos horários, incertezas e escolhas voltaram a fazer parte da rotina.
A agendart já cheia de anotações. Gavetas e armários arrumados (está bem, nem todos, o desapego ainda é difícil!), aguardando a desorganização de 2010. Algumas pesquisas na internet. Novos arquivos salvos. Canetas novas (mania que trago da infância). Leituras (essas ainda de férias, conheci Martha Medeiros pelas mãos da Nylcéa, gostei). Filmes, o último um "soco no estômago", Entre os muros da escola. É, não vi ainda Avatar, quem me conhece já suspeita o motivo... Sou incorrigível, sei, mas tentando mudar, sempre. E tentando também completar a coleção de livros que tenho da Lygia Bojunga Nunes, já que agora tenho a desculpa de que sou obrigada a ler todos para a minha tese de doutorado.
Esse texto ficou sem fim... Vai ver porque 2010 está apenas engatinhando...

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Inebriante

E a sua voz suave

envolve minha alma

que pede aos seus braços

que envolvam, docemente, o meu corpo.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Professor

Aos meus amigos professores.

É muito bom compartilhar com vocês a profissão professor. Vivemos, todos os dias, o desafio de ensinar, de formar seres humanos capazes de ver o mundo com olhos de águia. Difícil? Sim, certamente. Mas, para quem acredita no que faz, não é impossível.

Com mãos habilidosas, o professor tece todos os dias a vida em sua sala de aula. Usando fios de paciência, determinação, serenidade, ousadia, reflexão, afeto e boas broncas o difícil torna-se, por fim, possível.

Ser professor não é um dom. Está longe de ser uma inspiração divina, uma virtude ou uma dádiva dos céus. Ser professor é uma escolha, é algo que se aprende a cada dia, dentro da sala de aula, sob o olhar – nem sempre atento – dos alunos.

A você, amigo, que escolheu ser professor e tece corajosamente a teia do conhecimento, o meu afeto e a minha admiração.


quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Selos!!!

Recebi gentilmente da (Marta) esses três selos postados ao lado direito.
Boa surpresa para encerrar o dia.
Marta, obrigada pelo carinho! Guardo os prêmios com afeto!

Agora, as regras do prêmio:

1 - Falar sobre si, usando oito adjetivos.
2 - Explicar o selo.
3 - Presentear outros blogs.

Eu sou:

*teimosa
*determinada
*esquecida
*memorialista
*carinhosa
*perfeccionista
*sensível
*forte

Selo:

As cores e seus significados:
*verde: simboliza as novas amizades.
*amarelo: representa as amizades ativas.
*azul: simboliza o status - nosso e dos amigos.
*plataforma vermelha: simboliza a igualdade.

Indicações:

Blog do primo Rafa - http://www.ladica.blogspot.com/
Blog da amiga de Cascavel - http://clau-carpeomnium.blogspot.com/
E daria para a Marta, com certeza, se ela já não tivesse os selos...



sábado, 5 de setembro de 2009

I Bienal do Livro

Curitiba estava precisando desse evento há tempo. Com autores comprometidos com a leitura e com a formação de leitores, as palestras foram um importante debate sobre o tema. Regina Zilberman, Miguel Sanches Neto, Antônio Cícero, Ivan Junqueira, Carlos Heitor Cony, dentre outros, trouxeram ao público muito sobre a leitura, sob diferentes olhares, mas com a mesma paixão: a literatura. A cada fala, a viagem por diferentes mundos, a visita a (des)conhecidos personagens. Resultado: o desejo de ler mais e mais, e de convidar alunos, amigos, familiares a caminhar também por esses bosques.
No entanto, a exposição de livros não teve qualidade semelhante aos palestrantes. Nada de novo, muita literatura de massa, auto-ajuda aos borbotões, vendedores despreparados, preços nada convidativos. Verdadeiras banquinhas abarrotadas de muita inutilidade. Uma pena.
Ainda assim, parabenizo o curador Alcione Araújo e os colaboradores pela iniciativa. E fica a esperança de visitar a II, a III, a XX Bienal do livro, aqui em Curitiba.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Hoje, para encerrar a noite

(...)
_ É, professora, acho que eu gosto de ler.
_ Que bom, e do que gosta?
_ Ah, adoro ler livros assim de Direito, de Medicina...
_ Sei, mas livros técnicos?
_ É, tipo o Código Penal. Já li inteiro, algumas vezes... Não sei decor os números das leis, mas gostei muito.
_ E literatura?
_ Não, odeio! Só lembro mesmo de uma história, acho que se chama "A formiga e a neve". Lembro porque detestei esse livro. Li no colégio, a professora obrigou, sabe?
_ Sei, sei sim...

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Para o primo-leitor...


"Ler, talvez tenhamos esquecido, é nos manter no limite de um espaço perigoso, na fronteira de onde chamávamos e, ao mesmo tempo, rejeitávamos um outro parecido com aquele que hospedávamos, um outro para o qual era preciso apelar para justificar as incursões que arriscávamos nos territórios secretos que abrigávamos. Esse outro eu, essa sombra carregada, esse outro foco da elise que podemos colocar como uma hipótese necessária, ou um artifício de cálculo, quando lemos, por meio de nossas emoções ou dos proveitos de um saber, talvez estejamos apenas convocando a presença dele, aenas criando as condições de sua observação". (Jean-Louis Baudry)

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

...


Caminhando sorrateiramente

deixou os meus sonhos

e adentrou o mundo.

E esqueceu-se de dizer adeus.

domingo, 9 de agosto de 2009

Nada demais...

Hoje, nada demais...

Só o nome de uma comunidade que encontrei no orkut de um amigo...

"Afro c/ necessidades especiais": o nome politicamente correto da nega-maluca.

Moral da história: sei não, decida você!

domingo, 26 de julho de 2009

"Que horas são? São horas de ser honesto". Essa frase de Afonso Romano de Sant'Anna foi uma das tantas reflexões que trouxe na bagagem no retorno a Curitiba. Estive em Campinas, participando do COLE - Congresso de Leitura -, e voltei com as ideias borbulhando. Compartilhamos leituras, discutimos como formar leitores, despertamos nossas memórias, nos manifestamos por um Brasil literário.
Deparei-me com aquele que vive, por via das dúvidas, com um outro que diz que todo professor é um livro, com diversidades e com um encantador de palavras e seus livros de ar.
E foi com ambrosia literária que esse momento mágico de reflexões foi encerrado, embora as palavras tenham sido inscritas na alma, tal como tatuagens. E fica a certeza de que ser leitor é uma outra meneira de ser, uma outra maneira de estar no mundo. Afinal, livros e leituras são carícias de amor.

domingo, 12 de julho de 2009

Caos...

A intenção era retornar ao blog há um tempo esquecido falando de amenidades, afinal estou de férias. Mas, depois de visitar o blog do primo, impossível manter-me indiferente a mais uma palhaçada na política brasileira.
Estamos vivendo na era do caos. As convenções estão dia-a-dia sendo desconstruídas. Até aí, nada mal. A desconstrução é bem-vinda. O problema, é que nada vem sendo construído, só vejo desmoronamentos.
A família perdeu o rumo. São as crianças e jovens que dão as ordens, como se soubessem muito da vida. Faltam limites, falta ordem, falta diálogo, tudo se ganha no grito, na cara feia. A escola não sabe mais como ensinar. Depois de uma lavagem cerebral realizada nos professores, que acreditaram que tudo que era tradicional transformara-se em obsoleto e, portanto, deveria ser descartado, a educação desandou, abatumou. Some-se a isso o acúmulo de deveres: educar, ensinar, cuidar, alimentar, observar, encaminhar, informar sobre os mais variados assuntos - dengue, meningite, higiene, trânsito, drogas, meio ambiente, reciclagem... A religião, bem... ando um pouco cética sobre o assunto. O discurso continua o mesmo de muito tempo atrás, não dá conta dos problemas do hoje. Mas o que me irrita mesmo é a ganância. Entre um Pai Nosso e uma Ave Maria, vem o pedido de doações, ofertas, dízimos, dinheiro, dinheiro, dinheiro... E a saúde? O judiciário? Caos, o mais completo caos!
As instituições que estabeleciam a ordem na sociedade - família, religião, educação - estão imersas na desordem. Desta forma, o ser humano que é constituído pela razão e pelo instinto (veja Freud), está deixando o segundo aflorar de tal maneira que nada mais governa sua vida. Resultado: discussões, falta de princípios, desrespeito, falta de educação, desamor, roubos, podridão, desordem, caos.
Passamos de um extremo a outro: de cordeirinhos a lobos maus.

sábado, 11 de abril de 2009

O som do coração

O som do coração... Mais cenas para encher os olhos! A sexta à noite foi regada de filme, pipoca, conversa e cochilos. A Rita faltou, mas está perdoada pelo delicioso bolo de chocolate!
O som do coração narra a vida de August Rush, filho de um guitarrista irlandês e de uma violoncelista americana. Seus pais, ainda jovens, se conheceram de forma mágica na Washington Square, em Nova York. Devido às circunstâncias, August foi deixado num orfanato. O garotinho utiliza seu extremo talento musical para tentar re-encontrar os pais, de quem foi separado desde o nascimento.
O filme é sensível e ao mesmo tempo traz cenas tomadas de força e emoção. A trilha sonora é belíssima e a busca deste garotinho é trazida ao espectador pelas notas musicais da vida.
Fica aqui a dica para quem quer fugir da violência tão habitual dos filmes americanos.
O som do coração (August Rush)
Ano: 2007
Gênero: drama, musical
Duração: 113 min.
Diretor(es): Kirsten Sheridan
Elenco: Freddie Highmore, Keri Russell, Jonathan Rhys Meyers, Terrence Howard, Robin Williams, William Sadler, Marian Seldes, Leon G. Thomas III, Mykelti Williamson, Aaron Staton, Alex O'Loughlin, Jamia Simone Nash, Ronald Guttman, Bonnie McKee, Michael Drayer

sábado, 4 de abril de 2009

Depois da tempestade...




Depois de lampejos nada serenos iluminarem os olhos, hora de transformar toda a iquietação dos últimos dias em fio forte e resistente. Com paciência de Penélope - ou de Jó, se preferir -, é preciso usar esse fio para tecer novos caminhos, estradas que levem a descobertas significativas e a dias de calmaria. O coração precisa sair logo do mar de fúria para ver o sol, sentir a brisa e o cheiro das flores e sorrir.

segunda-feira, 30 de março de 2009

$%#¨&%&%!!!!!!!!

Ser humano, eta bicho besta, meu Deus! Quando finalmente resolve que devia ter amado mais, ter chorado mais, ter visto o sol se pôr, vem a Tereza que amava Raimundo que amava Maria (e vocês sabem o resto). Então, começa a torcida para ser a Lili (aquela que casa com aquele que não havia entrado na história, ou seja, a única que tem um e foram felizes e infelizes, misturadamente. Afinal, felizes para sempre é só nos contos que vovó contava, isso eu já aprendi!

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Ler devia ser proibido


Cuidado...


pode tornar

as pessoas

perigosamente

mais

humanas!



sábado, 17 de janeiro de 2009

Banho de chuva


Caminhando pela praia, foi surpreendida pela chuva. Gota a gota, o corpo foi se entregando àquele saboroso prazer. E a mente não pôde deixar de pensar ao constatar a entrega: se, ao invés da areia da praia os pés estivessem tocando o asfalto da cidade, não haveria surpresa nem entrega. Na bolsa, há sempre uma sombrinha. Na bolsa e na vida.

Então, docemente embriagada por cada gota resplandecente e pelo cheiro de terra molhada mesclado com o aroma salgado do mar, resolve que quando os pés tocarem novamente o asfalto, guardará a sombrinha na gaveta do passado.


sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

O filho eterno

"Nada do que não foi poderia ter sido". Cristóvão Tezza repete essa frase ao longo de seu livro O filho eterno (2007), vencedor do prêmio Jabuti. Frase essa que permaneceu em forma de breve, mas insistente sussurro mesmo após o livro ter sido fechado de fato (ao menos até chegar a vontade de saborosa releitura).

Trabalhando habilmente com o tempo e com um emaranhado de sentimentos que se afloram ainda mais com a notícia de que o filho que acabara de nascer é portador da Síndrome de Down, Tezza apresenta um personagem que vive em um presente suspenso - busca conhecer o filho e a si mesmo - e recebe um presente eterno: Felipe.

A habilidade em trabalhar com o tempo - num único parágrafo, o autor produz um movimento de ir-e-vir na narrativa, o que retrata o aprendizado descontínuo e peculiar de Felipe -, o assunto abordado sem preocupações morais, a linguagem pontual, tudo isso torna o romance autobiográfico de Tezza, escritor curitibano, reconhecido em âmbito nacional e merecedor dos prêmios e críticas recebidas.


sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Ritos


Aquela saudade da aurora da minha vida, da minha infância querida, dos anos que não voltam mais invadiu meu ser. Cheguei na escola e fui rodeada por meus alunos, todos com canetas nas mãos e sorriso nos lábios e nos olhos. Queriam que eu assinasse a camiseta para que guardassem de recordação - ainda que não saibam exatamente o que essa palavra significa.
Bastou meus olhos abraçarem essa cena para o coração conversar com a memória e dias bons - muito bons! - tomarem conta da alma.
Fim do ano, alívio pela aprovação, alegria anunciando as férias na praia e o gostinho de saudade dos amigos que pareciam ser eternos e dos dias que foram embora. Fim do ano anunciando a chegada sorrateira do outro, fim de uma etapa. É exatamente aí que entra o rito de passagem: assinatura de camisetas, amigo secreto (não tão secreto assim), choro, boletins, alegria e, claro, dúzias e dúzias de ovos com muita sujeira.
Mudaram as estações, mas nada mudou... Fomos surpreendidos pelo novo século, mas muitos dos ritos permanecem. Saí da escola pisando, literalmente, em ovos - ou o que sobrou deles.

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Prazeres

Prazeres...
O início do filme O fabuloso destino de Amélie Poulain (2001) desperta todos os sentidos para "aquelas coisinhas" tão especiais que nos dão prazer, que alegram os olhos, inundam a alma de bem-estar. E aquela corriqueira frase é reafirmada: o prazer está nas coisas mais simples.

Sentir o vento no rosto, embalando os cabelos. Ligar o rádio e aquela música inundar o ambiente. O calor do sol esquentando os dias frios de Curitiba. Acordar na praia. A cama aconchegante depois de levantar tão cedo e ter um dia daqueles. Afogar as lágrimas no travesseiro, espantando toda a tristeza. Descobrir um livro que aquece a alma. Receber um elogio sincero. Ouvir um "bom dia" no elevador. Ganhar um abraço de manhã cedinho. Receber o sorriso de um estranho. Encontrar um amigo de forma inesperada. Um beijo cobrindo os lábios. Noite de Ano Novo. Conhecer lugares novos. O encontro de olhares. Rir até doer as bochechas. Receber um mimo. Visitar lugares já conhecidos e descobrir que ainda há tanto a descobrir. Ouvir "eu te amo". Ganhar múltiplos abraços dos alunos. Acordar cedinho e descobrir que é sábado. Conversar de madrugada. Ouvir o irmão tocar violão. Passos de dança. Chocolate e coca-cola. Descobrir que ainda é cedo e você tem mais 10 minutos. Receber uma carta. Telefonema da avó. Cortina de fuxico. Cheiro de café. Café com as amigas. Olhar fotos. Afeto. Tecer a vida.

domingo, 23 de novembro de 2008

Záz!

Lépido, borboletante,

Como um raio de luz

Atravessa a vida

Tornando-a efêmera.


E záz!
Tudo passou.

domingo, 16 de novembro de 2008

Depois da semeadura...

Sei que não é muito modesto de minha parte, mas receber um elogio assim no final do ano, após um longo tempo de semeadura é tão bom!
Recebi esse presentinho em letras coloridas, brilhantes e cheirosas da Jaqueline Ortiz.
Receita para ter uma profª igual a minha
Ingredientes:
Meio barril de chocolate
um barril de inteligência
um barril de beleza (pura)
um fio de cabelo loiro
um barril de bom humor
Modo de fazer:
Numa panela (grande) coloque a beleza e o chocolate. Deixe por 30 minutos na geladeira. Misture a inteligência e o fio de cabelo na tigela junto com a outra mistura. Coloque para assar e depois jogue o bom humor por cima.
Você não vai se arrepender! É muito bom ter uma professora assim!

domingo, 9 de novembro de 2008

Alguém tem pó-de-pirlimpimpim?

Momentos com sabor de quero-mais, tão efêmeros como a vida das borboletas, velozes como as asas do beija-flor. Cresce a saudade e a vontade de sentir, ter, ouvir, ver, tocar mais e mais. A vida, no entanto, nega-se a ser um conto-de-fadas, a abóbora é apenas uma abóbora, o pó-de-pirlimpimpim fica bem guardado nas páginas dos livros e o tempo diz num sopro breve: adeus...

sábado, 8 de novembro de 2008

Cresceu? Azar é o seu!

Sim, bobagem, mas uma bobagem gostosa...
Escrever no caderno de confidência das amigas era uma dessas bobeiras boas. Olhar o que os meninos escreveram - principalmente "aquele" especial - era melhor ainda.
Sozinha em casa pensando na melhor resposta (ser honesta ou contar uma mentirinha?) ou rindo muito com o grupo, os caderninhos marcaram época.

* Qual é o seu nome? Deisily
* Sua comida preferida? Strogonoff
* Sua banda favorita? Legião Urbana
*Cor preferida? Azul
* De quem você gosta? Ah, é segredo!

Não há dúvidas: era muito mais divertido e afetivo responder essas perguntas do que os questionários-de-gente-grande:

* Nome completo
*RG
*CPF
*Título de Eleitor
*Certidão de Nascimento
*Telefone
* Telefone para recado
Transformação: de gente a número.

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Reminiscências

Queria saber escrever. Desenhar com letras no papel branco as tardes de sexta-feira, o cheiro das árvores e a textura da bola laranja que inundavam meu ser há pares e pares de anos que ficaram no passado.
Um jogo, um toque, um olho-no-olho com a rapidez de um raio, um rubor, um beijo. Tudo agora morando no tempo que passou.
Tinha também uma bolsa, tão pequena, que mais parecia uma cartola mágica: dela saíam batom, escova, toalhinha, água, papel, caneta, bala, chicletes... Há muito não vejo a bolsa. Acho que com ela estão as tardes, essas tardes que ficaram em algum lugar do tempo.

domingo, 12 de outubro de 2008

Olhos azuis

Olhos azuis , de 1996, é um documentário sobre diferenças: raça, sexualidade, gênero. Jane Elliot, professora, reúne um grupo de pessoas para ministrar um workshop e combina com o grupo tratar de forma discriminatória todas as pessoas que têm olhos azuis. Ao conduzir a experiência dos grupos, Elliot evidencia o racismo, a falta de tolerância com as diferenças, os fenômenos de grupo, a liderança, a submissão voluntária, pondo em discussão quem são os líderes da sociedade e como estes são perspicazes, tornando a maior parte da população submissa às idéias de uma elite manipuladora.
Blue Eyes
Ano: 1996
Duração: 93 minutos
Direção: Bertram Verhaag

domingo, 5 de outubro de 2008

O livro dos abraços

O livro dos abraços veio numa mensagem de um amigo querido, uma mensagem que deixou aquela vontade de ler. Ontem, folheando o livro, encontrei uma preciosidade: os ninguéns.
Os ninguéns são aqueles...
"Que não são, embora sejam.
Que não falam idiomas, falam dialetos.
Que não praticam religiões, praticam superstições.
Que não fazem arte, fazem artesanato.
Que não são seres humanos, são recursos humanos.
Que não têm cultura, e sim folclore.
Que não têm cara, têm braços.
Que não têm nome, têm número.
Que não aparecem na história universal, aparecem nas páginas policiais da imprensa local.
Os ninguéns, que custam menos do que a bala que os mata."

O livro dos abraços. Eduardo Galeano.

sábado, 4 de outubro de 2008

Ensaio sobre a cegueira

Estranhamento. Foi exatamente o que senti quando o filme iniciou. Então, o estranhamento cedeu lugar à raiva, ao nó na garganta, à sensação de sufocamento. Olhos fixos na tela, no colorido, no negro e no branco das imagens. O eterno conflito do espiritual e do material que compõe a essência do ser humano invade as personagens, e nós, espectadores, nelas nos reconhecemos. Esse reconhecimento incomoda. Um casal deixa a sala.
Instinto e razão, cotidiano e sublime, cegueira e conhecimento. Somos um emaranhado de sentimentos duos, duplos, ambíguos, complexos. E o filme é um retrato dessa tamanha "humanidade", desses fractais que nos constróem.

Elenco: Julianne Moore, Danny Glover, Alice Braga, Mark Ruffalo, Gael García Bernal, Don McKellar, Maury Chaykin, Martha Burns.
Direção: Fernando Meirelles
Gênero: Drama
Duração: 120 min.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Nascimento

O trem saiu de mansinho e foi sumindo no nevoeiro que pintava a manhã de algodão. O frio adentrava o vagão cada vez com mais intensidade, à medida que as casas davam lugar às árvores. E com o crescer do ritmado som vindo dos trilhos, o sonho foi tomando conta do pensamento, que trazia sorrateiro o tudo-que-já-foi emaranhado com o tudo-que-virá-ser. Foi desse emaranhado que nasceu a idéia toda azul, que logo criou asas e seguiu, livre, num vôo pela imensidão.

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Uma infância, um quadro

Entrei no museu e, no meio de tantas pessoas e línguas, estava sozinha, pensamento galopando em algum lugar. Os olhos percorriam tudo brincando, tentando convencer a memória a guardar cada pedacinho do novo mundo. Os pés passeavam lépidos, numa ida-e-vinda por corredores e salas até que, subitamente, pararam. O coração acelerou, a memória voltou alguns anos, os olhos sorriram. Era o meu quadro! O quadro da minha infância, onde me reconhecia na menina de vestido claro e me imaginava no jardim, alegre, talvez brincando de bom-barqueiro, como a vovó ensinara. O quadro, a praia, as noites conversando com a avó, paciente e doce, os passeios noturnos no Brejatuba. Época de brinquedos e folguedos, em que Monet ou Mulheres no Jardim não faziam parte do acervo. Era simplesmente o quadro da casa da praia da vovó, com o jardim em que eu ousava sonhar brincar.

sábado, 16 de agosto de 2008

Tempo, temp, tem, te, t, ...

O olhar pousa sobre a novidade, o inusitado. A boniteza enche os olhos e tudo é música. A cada dia, os olhos alcançam mais e mais longe. A cada dia também o coração se enche de saudades. Saudades do conhecido, da rotina, do porto-seguro. Vem o retorno. E com ele a constatação de que o tempo não parou. Uma farmácia mudou de nome, uma casa foi construída, uma obra foi terminada, outra rua foi aberta. O tempo, aliado e inimigo, certeiro, matreiro, anunciando o muito que já foi e o muito que virá.

segunda-feira, 14 de julho de 2008

España

Tudo diferente! A língua, a paisagem, o céu, as pessoas, as vozes denunciam um outro modo de viver e o desconhecido vai se tornando, lentamente, um pouco conhecido. Enquanto isso, sigo andando por terras nunca antes por mim pisadas, anônima.
Aqui, 17:45.

sábado, 31 de maio de 2008

Lampejos de memória

Entrou naquela casa escura, de portas e janelas fechadas e não mais saiu. Via pequenos fachos de luz adentrar as frestas, o que dava uma certa noção do tempo que ia passando. Via o dia e a noite, num movimento que parecia não ter fim. Via o tempo, mas não o sentia, não o vivia.
Na casa, tudo parecia igual: móveis antigos, chão de madeira escura, cortinas de setim pardo e o cheiro de mofo adentrando a narina e todos os poros do seu corpo franzino. Sentou-se em uma poltrona e ali deixou-se ficar por horas, dias, talvez anos.
Como companhia tinha a memória. Tudo o que um dia viveu, ouviu, viu, sentiu estava ali, insistentemente. E o tempo passava, mas parecia haver parado no momento em que pisou a casa escura. Reviveu as memórias, naquela mesma poltrona, até o dia em que não pode mais lembrar.

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Um dia daqueles

Caminhando devagar, sentindo o fraco calor do sol, levando nas mãos o trabalho de 2 anos. Adentra o prédio tão familiar, um emaranhado de acontecimentos passam nos olhos da memória.
Décimo andar, recepção calorosa e palavras de calma e conforto. Meia hora, o nervosismo cede sabiamente seu lugar à calma; uma hora, ouvidos atentos; uma hora e meia, troca de idéias; duas horas, fim das reflexões; duas horas e meia a notícia de que os dois anos valeram...
E no caminho de volta, a sensação de
Ir deixando a pele em cada palco
E não olhar pra trás
E nem jamais
Jamais dizer
Adeus.

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Arco-íris


Saímos da sala rumo ao portão da escola, todos em fila. Olhos no horizonte... Um arco-íris! Mas um arco-íris daqueles grandes, que enchem os olhos... Ainda acho que no fim dele há um pote de ouro...

domingo, 27 de abril de 2008

O tempo não pára


Os diferentes verdes dos campos enchem os olhos. Campos esses cortados por asfalto. Um caminho familiar, que traz recordações.
Manhã de sábado, acordar cedo, pegar a bagagem, tomar um comprimido para não enjoar e partir. Partir para a paisagem da minha infância. Almoço da vovó, esperar a sobremesa e ficar mais feliz quando era a preferida: pavê. Depois, sair pelas ruas de paralelepípedo, a pé ou de bicicleta. Passear na praça da cidade, ir ao ginásio de esportes ver algum jogo, abrir a torneirinha dos caminhões, tocar a campainha e sair correndo. Mas o mais divertido era ir à chácara do avô. Lá era onde as brincadeiras corriam soltas, onde passávamos a tarde toda comendo frutas do pé e tomando café na casa da dona Maria, mesmo tendo ordens expressas do avô para não misturar frutas com café. No fim do dia, a acolhida da avó, o "direto para o banho" regado pela bronca das mães, o cansaço gostoso, a gemada antes de dormir e... de repente, 20 anos se passaram.

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Tem festa no céu


Hoje tem festa no céu. Foi assim que a homenagem do papai começou, foi assim que o tio querido escreveu na coroa, foi assim que todos pensamos. Tristeza na Terra, festa no céu.

Titia amada partiu. Sorriu até o último momento, por isso, estou agora sorrindo enquanto lembro dela.

Muitas pessoas foram se despedir, pessoas essas que por ela foram afetadas, envolvidas por seu riso fácil e mágico, por sua imensa alegria de viver.

Agora, fica a saudade. Sem dor, porque a tia Beli-boa-intrusa-na-noite-dos-netos, a Bel, a Maria, a Isabel, a Marry da vovó, jamais provocaria qualquer sentimento triste. Ela é a alegria! Sim, tem festa no céu. E no coração, fica guardadinha a festa que ela fez nas nossas vidas, sempre.

domingo, 30 de março de 2008

Salmo 91

Sarcasmo, humor, performance e texto impecáveis. Foi o que vi na peça Salmo 91 do Festival de Teatro de Curitiba, uma adaptação do livro Carandiru, de Dráuzio Varela.
A vida-morte dos presos naquele que foi o maior presídio da América Latina é retratada em 10 cenas. Cada uma delas apresenta uma personagem, retratando suas virtudes e crimes por meio de monólogos que dão às palavras um sopro de força, de revolta, de conformação fingida. A palavra se sobrepõe à ação, já que num espaço de confinamento é a palavra o que resta aos presidiários.
Interligando as 10 cenas como uma grande colcha de retalhos, aparece a bola, ora como personagem, ora como objeto, relembrando a final do campeonato de futebol que pode ter sido o estopim da rebelião e do posterior massacre no Carandiru.
Sem dúvida, o público curitibano foi presenteado na noite de sábado com uma peça que conta com um enredo e atuações primorosas, que despertam todos os sentidos do espectador com a força da palavra, o impacto da verdade e dos mais assustadores comportamentos do ser humano, o cenário, o figurino, a atuação, o aroma do café, o cheiro do cigarro, o gosto da cabeça de um rato e as dores físicas e morais, tudo tão próprio de um ambiente hostil e repleto de gente que traz inerente ao ser crimes, sofrimento, iniqüidade, vontades, desesperança, instinto de sobrevivência e fé.
"AQUELE que habita no esconderijo do Altíssimo, à sombra do Onipotente descansará".
Ficha técnica:
Direção: Gabriel Villela
Elenco: Pascoal da Coceição (Dada e Veio Valdo), Pedro Moutinho (Charuto e Valente), Rodrigo Fregnan (Nego-Preto e Zé da Casa Verde), Ando Camargo (Zizi Marli e Edelso) e Rodolfo Vaz (Bolacha e Veronique).

sábado, 29 de março de 2008

Afetar!


Encontros inesperados são os melhores que existem. Pensei em algo assim quando saí hoje da PUC. Uma surpresa, um mate batido e a conversa que, entre novidades e descobertas, sempre se repete num constante vai-e-vem. Falar de afeto depois de vivenciá-lo em algumas aulas com as formadoras-de-leitores-afetivos é sempre um imenso prazer, adocicado pelas lembranças que povoam a memória. Mesmo que seja uma certa lembrança daquela que foi Lupe por um dia, dizendo que meu casaco se parecia com uma cortina de cozinha...

domingo, 23 de março de 2008

Receita de viajar no tempo


andar para trás para trás para trás
dar a mão para a mãe para a avó-bisavó
feche os olhos abra os olhos feche e abra
a porta da roda da morte e da vida
essa é a dança ciranda do tempo
entre na água no meio do vento
e semeie futuro em terra azul

(Roseana Murray)

sábado, 8 de março de 2008

Leitura


“Minha professora incentiva a leitura porque os olhos ficam brilhantes, o rosto se enche de vida, os passos ficam mais leves, descobrimos a alegria de ler e o conhecimento entra em nossas vidas”.
Bianca Gunha Mendes - 9 anos


“Minha professora incentiva a leitura porque no futuro teremos um mundo melhor com muita imaginação e criatividade”.
Jaqueline de Souza Ortiz - 9 anos

Tricotando a vida


Acordei hoje com o coração cheio de domingo. Uma alegria incontida, acho que tive bons sonhos. Deparei-me agora com uma imagem tão bonita, desenhada com letras pela Fina Flor. A avó tricotando idéias despertou em mim algumas lembranças que estavam adormecidas.

Também tenho uma avó que tricotou momentos doces da minha infância. E tricota dias bons até hoje. Foi por suas mãos que adentrei o mundo do faz-de-conta da literatura, quando as noites de sábado em sua casa eram embaladas por contos de fadas e histórias que ela criava, assim, repentinamente. Com sua voz doce, narrava aquele mundo imaginário que transforma, assusta, encanta. E é ainda pelas mãos da minha avó que recebo muitos dos livros que tenho visitado. Essa avó que tricota colorido a colcha de retalhos que é a vida.


domingo, 2 de março de 2008

Brasil

Duas vezes o assunto foi colocado em pauta na conversa descontraída de sábado. Primeiro, durante a caminhada no Parque Barigüi, depois, na divertida noite que teve dois endereços -Hora Extra e Bagdá Café. É possível falar em apenas um aspecto típico do Brasil, sem cair na falseta do estereótipo? Qual é a comida típica brasileira? Feijoada? Qual é a dança representante da cultura brasileira? Samba? E a festa, carnaval?
Cada canto do nosso imenso Brasil tem seus costumes. Difícil pensar em uma comida, uma dança, um ritmo. Até mesmo o carnaval, reconhecido internacionalmente, é diferente em cada região. Isso sem falar nas regiões onde praticamente inexiste - caso de Curitiba.
Bacana isso. Vivemos num imenso emaranhado cultural. As linguagens são múltiplas, as cores variadas e a cultura diversa. Tudo isso numa terrinha chamada Brasil.

domingo, 17 de fevereiro de 2008

Hasta pronto...


Saudade cresce
no coração,
lágrimas invadem
os olhos, sem permissão,
mas a certeza do
reencontro
diz ao espírito,
num sopro de ternura:
"até breve".

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Nos olhos, no coração

Meus olhos e meu coração me contaram. A avó (doce, sempre!) abriu a porta. Beijos e abraços nos primos, tios, avós. A mesa coberta de comida jovem, como alguém bem disse: pão, hambúrguer, refrigerante e bolo de chocolate. Ah, e suco para o primo que não-bebe-mais-refri. Os pais vão embora e ficam os avós e os netos - esses são 10. Lembro bem quando, na minha infância, eram só 5. Fica também a tia-boa-intrusa. Começa, então, o jogo de perguntas do avô: qual é a capital da...; quantos anos vive um...; qual é a moeda usada no...; como se chamava a..., e assim por diante. Acho que nesse ano fomos melhores, sinal de que saberes foram acumulados. As mulheres ganharam. Não, todos ganharam na verdade. Ganharam no jogo da vida, da convivência, da boa conversa, do afeto e das lembranças que nos unem para aquele sempre de hoje em dia. E tudo termina com arroz, feijão e muito, muito bife à milanesa. E também com a promessa de um "até breve".


... porque tudo acaba mesmo sempre em despedida...

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Vida














Levada assim
com toda a leveza;
a vontade de ir
suave e verdadeira
voando para ver tudo
com aqueles olhos-de-ver-poesia.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Tempero da vida

Dia bom. Depois de um gostoso churrasco, uma tarde de jogos, risos e boa conversa. Desenhos, adivinhações, baralho e música... Essa tarde trouxe a recordação dos saraus de um tempo que já foi, aqueles que são descritos em A moreninha, de Joaquim M. de Macedo. Às vezes, acho que não pertenço a esse tempo, queria ter vivido esse momento histórico cheio de coisinhas singelas, repleto de cortesia, de boa educação, de pequenos atos que divertiam e enriqueciam os dias. A história anuncia sempre um novo tempo, uma nova tarde, novos costumes e modos de ser. Acho que o agora é um tempo de resgatar a cortesia, a boa convivência, o respeito e a delicadeza, ingredientes de fundamental importância para o tempero da vida.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Medéia, uma heroína

Eurípides, um dos ícones da tragédia grega, apresenta personagens que nada tem de passíveis diante do destino. Suas figuras "vivem atormentadas por sentimentos intensos e dolorosos, que as fazem beirar os limites da loucura". (Teatro vivo, 1976, p.VIII). Ou seja, prevalece em suas personagens "o que há de ridículo, sórdido, e tudo que é repreensível nos humanos". (LOPES, 1999, p.28).
Assim é Medéia. Uma mulher que representa o ser completo e complexo, inteiramente humano, com capacidade de escolha e decisão, e tão suscetível a errar como qualquer outro ser humano. Seus atos de maldade parecem encontrar uma justificativa na traição de que foi vítima, no sofrimento que dela se apodera, no duplo crime de Jáson: o perjúrio – pois lhe jurara amor eterno – e a ingratidão – pois lhe abandonara sem recompensá-la da ajuda passada. Essa justificativa retira da personagem o estigma de "má", tornando-a apenas uma humana passível dos mais diversos sentimentos. A personagem trágica comete uma falha, porém, não é uma falha de caráter. Não há o "bem" e o "mal".
A vingança de Medéia deverá satisfazer a cólera que a consome aos poucos. "Nesse sentido, a mulher assume dimensão heróica, aproximando-se dos grandes heróis que, feridos na honra, alimentavam a vingança, pois não suportam a vergonha e o riso dos outros". (HIRATA, 1991, p.12).Neste sentido, aproxima-se do herói épico. Porém, como mulher, não faz o uso da força bruta ou de armas, mas "serve-se de palavras, da dissimulação, serve-se da sabedoria para enganar". (HIRATA, 1991, p. 17). Usa a linguagem dos heróis e o poder da retórica.
Medéia tem também a sua trajetória enquanto heroína. Apresenta-se no início da peça passiva, ultrajada, mas já forte no discurso e, no decorrer desta, passa à ação, em atitude altiva. Mostra-se todo o tempo ciente e consciente de seus atos, não sendo tomada por armadilhas do destino, mas por suas próprias ações e escolhas. Em Eurípides, "não há mais indícios que unam as ações do homem às diretrizes divinas. O homem é o centro absoluto da ordem universal: o destino humano nasce de seus próprios sentimentos e ações". (ARNS, 1995, p.05).
E, como não poderia deixar de ser por influência do sofismo, Medéia é uma heroína ambígua, apresentando diversas facetas: Medéia mulher, Medéia mãe, Medéia bárbara e Medéia vingadora. É, portanto, uma heroína com complexidade humana, suscetível aos conflitos humanos, que tem como o último ato de sua biografia a partida, com o auxílio do deus sol, (deus ex machina), reconciliando-se, portanto, com o mundo e restabelecendo a ordem que fora abalada.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

O anjo azul

Hoje, final da tarde, assisti ao filme "O anjo azul", de Der Blaue Engel. Gravação antiga (1930), ainda que em DVD, apresentou uma imagem não muito nítida e o som um tanto repleto de chiado. Ainda assim, o enredo é primoroso e entre o preto e branco das cenas, os cortes um tanto rudimentares para os dias de hoje e a tradução horrorosa, há uma história triste, sobre a decadência humana.
No filme, Immanuel Rath (Emil Jannings) é professor de Literatura Inglesa num Colégio e é respeitado e temido pelos alunos. Certo dia, descobre que seus alunos estão freqüentando o Anjo Azul, o cabaré onde se apresenta Lola (Marlene Dietrich). O professor vai até a boate para surpreender seus alunos e acaba fascinado por Lola. Nesse instante, começa a decadência de Immanuel: estando com Lola, rompe com os padrões e costumes estabelecidos pela sociedade, deixando de ser respeitado por seus alunos e sendo afastado da escola. Casa-se com a dançarina e segue Lola e os colegas desta na realização de shows. Abandona a ordem social vigente e passa, como sua esposa, a viver à margem da sociedade. No entanto, sofre com isso, sente-se desmoralizado e, quando retorna à sua cidade natal para nova apresentação no cabaré Anjo Azul, sente tamanho desgosto por rever seus conhecidos e certificar-se de tudo o que precisou abdicar para se casar com Lola. Então, caminhando com dificuldade, segue até a escola onde lecionava e morre sentado na sua mesa, em sua sala de aula, o que demonstra que jamais conseguiu deixar o mundo burguês do qual fazia parte.
Título: O anjo azul
Ano: 1930
Duração: 94 min.
P.S. Preciso fazer um comentário... Foi impressionante observar o respeito que o professor tinha não só dos alunos, mas da sociedade. Bons tempos!!

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Festa de família

Aniversário do vovô. Com o cair da noite, a reunião familiar na casa da vovó. Lá, entre coca-cola, bolinhas de queijo e um bolo de chocolate delicioso, rostos conhecidos e queridos. Bom rever todo mundo (quase, faltou a prima loira). Abraço e carinho recebidos da vovó logo na chegada, que sempre surpreende com seu vasto conhecimento (hoje a surpresa foi o deus do sol grego!). A titia amada de visual novo, com aquele sorriso gostoso estampado no rosto. A prima mais nova querendo mostrar tudo, participar da conversa e pedindo um cachecol igual ao meu, porque ele é lindo! Comércio de bijus correndo solto no quarto e depois dos parabéns e das velinhas assopradas, a conversa animada na mesa. Irmão, cunhada e tias conversando sobre hospital e centro cirúrgico, a prima trompetista que está do meu tamanho, irmã compreendendo tudo só com meu olhar e no fim, o início da despedida do primo-comentarista, que nos deu uma carona e que vai deixar saudades!

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

F é r i a s

Férias...
É retirar o relógio do pulso e levantar quando o sono foi embora, comer quando a barriga pede e deitar quando o corpo fala que está na hora.
É almoçar e jantar sem pressa, batendo papo e recordando velhas histórias.
É ler o que o coração aponta, ouvir um CD até enjoar, ver bobagens na TV e rir, rir, rir. (Não vale Faustão e Gugu, porque aí não há riso, só irritação!).
É deixar o carro e sair de bicicleta ou andando, porque o tempo não é um problema, mas um aliado.
É ouvir o irmão tocar violão e cantar junto boas canções.
É caminhar pela praia sentindo o friozinho da água, a textura da areia e o suspiro do vento.
É comentar um livro, uma viagem, um fato lembrado sem precisar esperar pelo fim do dia, pelo momento do chegar-em-casa-depois-do-trabalho.
É atender o celular se der vontade, ver e-mail se der na telha, navegar na internet para ver coisas bobas e boas.
Férias, enfim, é uma pausa, um respirar, uma vírgula no corre-corre nosso de cada dia.

domingo, 20 de janeiro de 2008

Viagens

E o ano começa com a nossa habitual viagem. Faltou uma, mas os três ainda persistem.
Saída: Praia Grande.
Destino: Farol de Santa Marta (Laguna), com parada em Floripa e Bombinhas.
Resultados: espírito renovado, álbum e memória ampliados, novos desejos, sonhos e planos. E também algumas conclusões...
* Bombinhas continua sendo o lugarzinho do coração;
* Fazer trilhas é bom demais, sobretudo quando não sabemos o que vamos encontrar do outro lado;
* Há certas coisas que não são para entender, são para aspirar como essência;
* Boa companhia é 90% de uma boa viagem;
* Uma caminhonete faz falta;
* Acampar é bom, mas uma cama macia é boa demais;
* Patos nadam também no mar;
* Fazer trilha pode causar efeitos colaterais;
* São os argentinos que movimentam a economia de Bombinhas;
* Crianças argentinas não gostam da casquinha do sorvete;
* Brasileiros são estrangeiros em Bombinhas;
* Libaneses não entendem muito bem o português;
* Ano que vem tem mais, porque "nossa" viagem é sempre marcada por boas lembranças, momentos incríveis e muitas risadas
.

domingo, 13 de janeiro de 2008

Um pouco de Amélie

Hoje, ouvindo o incessante barulho da chuva e imersa no sofá da sala, já que foi impossível ir à praia, debrucei-me sobre um livro de teoria sobre o teatro e, num dado momento, recordei do filme O Fabuloso Destino de Amélie Poulain. Numa Paris estilizada, romântica e perfeita vive Amélie, uma jovem pueril e sonhadora que tem como objetivo de vida ajudar as pessoas com pequenos gestos.
Há duas passagens nesse filme que me encantam: o início, quando Amélie, a mãe e o pai desta personagem são descritos pelo narrador e por imagens que mostram o que gostam, o que não gostam e suas manias. Bom seria se pudéssemos assim nos apresentar aos desconhecidos: olá, sou Deisily, gosto de viajar e comer feijão na xícara, adoro ler e dar aulas, não gosto de pisar em chicletes, detesto dois dias seguidos de chuva e tenho mania de tomar coca-cola. Pronto! Sem idade, profissão, RG, CPF, telefone e e-mail. É, seria muito bom.
Outra passagem que adoro é quando se dá a euforia de Amélie ao descobrir o prazer em ajudar as pessoas: a trilha sonora alegre, o som ambiente, o confuso diálogo entre as personagens, a velocidade na sucessão das imagens, a intensa movimentação da câmera fazem com que o espectador sinta o cheiro daquela rua de Paris, sinta o estado eufórico da personagem e vibre com sua alegria ao descobrir uma boa razão para viver. Por fim, quando Amélie atravessa a ponte, temos a certeza de sua mudança. A travessia simbolizando um rito de passagem, o ir de um estado a outro, a transposição de uma realidade. Depois de ver ao filme, nós também atravessamos uma ponte. Uma pontinha de vontade por mudança invade o ser e Amélie não parece mais ser apenas uma caricatura doce e pueril.

Ficha Técnica
Título Original: Le Fabuleux Destin d'Amélie Poulain
Gênero: Comédia
Tempo de Duração: 120 minutos
Ano de Lançamento (França): 2001