domingo, 17 de fevereiro de 2008

Hasta pronto...


Saudade cresce
no coração,
lágrimas invadem
os olhos, sem permissão,
mas a certeza do
reencontro
diz ao espírito,
num sopro de ternura:
"até breve".

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Nos olhos, no coração

Meus olhos e meu coração me contaram. A avó (doce, sempre!) abriu a porta. Beijos e abraços nos primos, tios, avós. A mesa coberta de comida jovem, como alguém bem disse: pão, hambúrguer, refrigerante e bolo de chocolate. Ah, e suco para o primo que não-bebe-mais-refri. Os pais vão embora e ficam os avós e os netos - esses são 10. Lembro bem quando, na minha infância, eram só 5. Fica também a tia-boa-intrusa. Começa, então, o jogo de perguntas do avô: qual é a capital da...; quantos anos vive um...; qual é a moeda usada no...; como se chamava a..., e assim por diante. Acho que nesse ano fomos melhores, sinal de que saberes foram acumulados. As mulheres ganharam. Não, todos ganharam na verdade. Ganharam no jogo da vida, da convivência, da boa conversa, do afeto e das lembranças que nos unem para aquele sempre de hoje em dia. E tudo termina com arroz, feijão e muito, muito bife à milanesa. E também com a promessa de um "até breve".


... porque tudo acaba mesmo sempre em despedida...

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Vida














Levada assim
com toda a leveza;
a vontade de ir
suave e verdadeira
voando para ver tudo
com aqueles olhos-de-ver-poesia.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Tempero da vida

Dia bom. Depois de um gostoso churrasco, uma tarde de jogos, risos e boa conversa. Desenhos, adivinhações, baralho e música... Essa tarde trouxe a recordação dos saraus de um tempo que já foi, aqueles que são descritos em A moreninha, de Joaquim M. de Macedo. Às vezes, acho que não pertenço a esse tempo, queria ter vivido esse momento histórico cheio de coisinhas singelas, repleto de cortesia, de boa educação, de pequenos atos que divertiam e enriqueciam os dias. A história anuncia sempre um novo tempo, uma nova tarde, novos costumes e modos de ser. Acho que o agora é um tempo de resgatar a cortesia, a boa convivência, o respeito e a delicadeza, ingredientes de fundamental importância para o tempero da vida.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Medéia, uma heroína

Eurípides, um dos ícones da tragédia grega, apresenta personagens que nada tem de passíveis diante do destino. Suas figuras "vivem atormentadas por sentimentos intensos e dolorosos, que as fazem beirar os limites da loucura". (Teatro vivo, 1976, p.VIII). Ou seja, prevalece em suas personagens "o que há de ridículo, sórdido, e tudo que é repreensível nos humanos". (LOPES, 1999, p.28).
Assim é Medéia. Uma mulher que representa o ser completo e complexo, inteiramente humano, com capacidade de escolha e decisão, e tão suscetível a errar como qualquer outro ser humano. Seus atos de maldade parecem encontrar uma justificativa na traição de que foi vítima, no sofrimento que dela se apodera, no duplo crime de Jáson: o perjúrio – pois lhe jurara amor eterno – e a ingratidão – pois lhe abandonara sem recompensá-la da ajuda passada. Essa justificativa retira da personagem o estigma de "má", tornando-a apenas uma humana passível dos mais diversos sentimentos. A personagem trágica comete uma falha, porém, não é uma falha de caráter. Não há o "bem" e o "mal".
A vingança de Medéia deverá satisfazer a cólera que a consome aos poucos. "Nesse sentido, a mulher assume dimensão heróica, aproximando-se dos grandes heróis que, feridos na honra, alimentavam a vingança, pois não suportam a vergonha e o riso dos outros". (HIRATA, 1991, p.12).Neste sentido, aproxima-se do herói épico. Porém, como mulher, não faz o uso da força bruta ou de armas, mas "serve-se de palavras, da dissimulação, serve-se da sabedoria para enganar". (HIRATA, 1991, p. 17). Usa a linguagem dos heróis e o poder da retórica.
Medéia tem também a sua trajetória enquanto heroína. Apresenta-se no início da peça passiva, ultrajada, mas já forte no discurso e, no decorrer desta, passa à ação, em atitude altiva. Mostra-se todo o tempo ciente e consciente de seus atos, não sendo tomada por armadilhas do destino, mas por suas próprias ações e escolhas. Em Eurípides, "não há mais indícios que unam as ações do homem às diretrizes divinas. O homem é o centro absoluto da ordem universal: o destino humano nasce de seus próprios sentimentos e ações". (ARNS, 1995, p.05).
E, como não poderia deixar de ser por influência do sofismo, Medéia é uma heroína ambígua, apresentando diversas facetas: Medéia mulher, Medéia mãe, Medéia bárbara e Medéia vingadora. É, portanto, uma heroína com complexidade humana, suscetível aos conflitos humanos, que tem como o último ato de sua biografia a partida, com o auxílio do deus sol, (deus ex machina), reconciliando-se, portanto, com o mundo e restabelecendo a ordem que fora abalada.