sábado, 31 de maio de 2008

Lampejos de memória

Entrou naquela casa escura, de portas e janelas fechadas e não mais saiu. Via pequenos fachos de luz adentrar as frestas, o que dava uma certa noção do tempo que ia passando. Via o dia e a noite, num movimento que parecia não ter fim. Via o tempo, mas não o sentia, não o vivia.
Na casa, tudo parecia igual: móveis antigos, chão de madeira escura, cortinas de setim pardo e o cheiro de mofo adentrando a narina e todos os poros do seu corpo franzino. Sentou-se em uma poltrona e ali deixou-se ficar por horas, dias, talvez anos.
Como companhia tinha a memória. Tudo o que um dia viveu, ouviu, viu, sentiu estava ali, insistentemente. E o tempo passava, mas parecia haver parado no momento em que pisou a casa escura. Reviveu as memórias, naquela mesma poltrona, até o dia em que não pode mais lembrar.

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Um dia daqueles

Caminhando devagar, sentindo o fraco calor do sol, levando nas mãos o trabalho de 2 anos. Adentra o prédio tão familiar, um emaranhado de acontecimentos passam nos olhos da memória.
Décimo andar, recepção calorosa e palavras de calma e conforto. Meia hora, o nervosismo cede sabiamente seu lugar à calma; uma hora, ouvidos atentos; uma hora e meia, troca de idéias; duas horas, fim das reflexões; duas horas e meia a notícia de que os dois anos valeram...
E no caminho de volta, a sensação de
Ir deixando a pele em cada palco
E não olhar pra trás
E nem jamais
Jamais dizer
Adeus.

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Arco-íris


Saímos da sala rumo ao portão da escola, todos em fila. Olhos no horizonte... Um arco-íris! Mas um arco-íris daqueles grandes, que enchem os olhos... Ainda acho que no fim dele há um pote de ouro...