sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Ritos


Aquela saudade da aurora da minha vida, da minha infância querida, dos anos que não voltam mais invadiu meu ser. Cheguei na escola e fui rodeada por meus alunos, todos com canetas nas mãos e sorriso nos lábios e nos olhos. Queriam que eu assinasse a camiseta para que guardassem de recordação - ainda que não saibam exatamente o que essa palavra significa.
Bastou meus olhos abraçarem essa cena para o coração conversar com a memória e dias bons - muito bons! - tomarem conta da alma.
Fim do ano, alívio pela aprovação, alegria anunciando as férias na praia e o gostinho de saudade dos amigos que pareciam ser eternos e dos dias que foram embora. Fim do ano anunciando a chegada sorrateira do outro, fim de uma etapa. É exatamente aí que entra o rito de passagem: assinatura de camisetas, amigo secreto (não tão secreto assim), choro, boletins, alegria e, claro, dúzias e dúzias de ovos com muita sujeira.
Mudaram as estações, mas nada mudou... Fomos surpreendidos pelo novo século, mas muitos dos ritos permanecem. Saí da escola pisando, literalmente, em ovos - ou o que sobrou deles.