domingo, 28 de outubro de 2007

Um pouco mais de literatura hoje

Voltei muito inspirada do Cellip. Recordei agora uma fala do escritor - adorável escritor! - Affonso Romano de Sant'Ana. Sobre a história do amor masculino, disse ele: O homem tem medo de amar e não sabe o que fazer com o amor. Será verdade?
Termino os post's de hoje com o trechinho final da crônica por mim recém-descoberta desse autor, "A mulher madura":
A mulher madura está pronta para algo definitivo. [...]
A mulher madura é um ser luminoso é repousante às quatro horas da tarde, quando as sereias se banham e saem discretamente perfumadas com seus filhos pelos parques do dia. Pena que seu marido não note, perdido que está nos escritórios e mesquinhas ações nos múltiplos mercados dos gestos. Ele não sabe, mas deveria voltar para casa tão maduro quanto Yves Montand e Paul Newman, quando nos seus filmes.Sobretudo, o primeiro namorado ou o primeiro marido não sabem o que perderam em não esperá-la madurar. Ali está uma mulher madura, mais que nunca pronta para quem a souber amar.

"A Mulher Madura", Editora Rocco - Rio de Janeiro, 1986.

sábado, 27 de outubro de 2007

Por que se vendem poucos livros no Brasil?

Por que se vendem poucos livros no Brasil? Título da palestra de Jair Ferreira dos Santos (UFRJ), a fala do professor veio corroborar alguns questionamentos que tenho levantado nos últimos anos, com a vivência que tenho em sala de aula.
De acordo com o professor, o fato mais relevante é o letramento deficitário da população. Somente 26% consegue compreender um texto mais longo e complexo. Os outros 74% continua vivendo apenas na cultura oral, sem saber ler ou escrever com eficiência.
E esse fato é observável nos bancos escolares na mais tenra idade. Alunos não sabem ler nem escrever. Isso porque não há uma política efetiva de incentivo à leitura no Brasil. Professores não têm o hábito da leitura e, como conseqüência, não sabem formar leitores. O aluno não lê por prazer, mas para fazer resenha, resumo, prova e preencher fichas inúteis. Pais não contam mais histórias e inserem seus filhos apenas no mundo midiático. E há ainda o fato de vivermos em uma sociedade extremamente prática, que não vê função na literatura.
É, a literatura não serve mesmo para nada.... Só transforma e liberta seres-humanos.

Crítica (by Miguel Sanches Neto)

Estive em Ponta Grossa nestes últimos três dias, participando do Cellip, e tive gratas surpresas. Uma delas foi a palestra do Miguel Sanches Neto. O professor e autor falou sobre o poder da crítica literária e lançou uma severa mas consistente discussão às resenhas atuais.
Feitas por jornalistas que tratam um livro como uma notícia e não como arte, as resenhas apresentam as novas obras ao público leitor de forma rasa. É uma espécie de fast food literário, termo empregado por Miguel Sanches.
Com o afastamento do crítico literário em detrimento das resenhas jornalísticas, a objetividade técnica toma o lugar da criação e há o comprometimento da opinião do resenhista, já que o jornalista tem de muitas vezes escrever o que o editor ou as editoras determinam. No entanto, esse tipo de crítica chega ao leitor, enquanto a crítica acadêmica não cria um público para o autor contemporâneo, por estar acima da compreensão da maior parte dos leitores.
É preciso, segundo Miguel Sanches, criar um projeto sério de crítica literária no Brasil, reaproximando a crítica literária acadêmica - consistente, preocupada com a criação literária - à crítica do jornal - aquela capaz de adequar a linguagem ao público comum.
Enquanto isso, a opinião de Jô Soares continua valendo muito mais do que a crítica literária dos nossos Antônios Cândidos. Afinal, o que conta é se o autor sobreviveu às piadinhas engraçadas realizadas na telinha... Plim-Plim!

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Tempo que te quero tempo

Muita chuva, mas o espetáculo é realmente divino. Bom voltar a lugares conhecidos. Impressões novas surgem, novos afetos são vivenciados. Não foi diferente em Foz do Iguaçu. Foi como revisitar um livro antigo, há muito lido e guardado na memória. Afetos desafloraram. Acho que das outras vezes tinha gostado mais da minha caneta 10 cores e do meu penal que tinha muitos botões e mais parecia um robô meio maluco. Outro despertar dessa vez: as quedas misturadas à chuva que não cessava pareciam uma imensa explosão de sentimentos de naturezas diversas, que ora gritavam, ora sussurravam, só não calavam. O tempo passou realmente.

Retorno

Retorno ao blog, retorno de Cascavel, retorno ao trabalho, retorno ao lar... Mas retorno provisório. O ir-e-vir roseano não é apenas literário, é real. E está mais vivo do que nunca nesse período. Como diz Mario Quintana, o que sobra de todas essas andanças deve ser o meu verdadeiro eu.

domingo, 7 de outubro de 2007

Nossos seres mitológicos

A Grécia sempre me encantou por sua mitologia, bem como Roma. Os deuses do Olimpo são fascinantes e os semideuses, heróis e entidades do Panteão, também. As histórias fantásticas narradas sobre eles na Ilíada e na Odisséia - ambas as obras atribuídas a Homero - contam as batalhas envolvendo gregos e troianos, mortais e divindades, e suas artimanhas elaboradas. Zeus, Palas Atena, Aquiles, personagens representando luta e coragem.
Já no Brasil, os heróis são outros. Essa semana, dia 09, fará 40 anos que Che Guevara morreu. Um dos mais famosos revolucionários marxistas da história, Che representava a linha dura pró-soviética, ao lado do irmão de Fidel, Raul Castro. Assassinou centenas de pessoas e disse frases aclamando a violência, a morte e uma espécie de ditadura esquerdista. Mas não foram essas que ficaram na história, porque Che tornou-se um mito assim que foi capturado e executado. Foi então que todos os extermínios, toda a violência, todas as guerrilhas perdidas, deram lugar à famosa frase: "Hay que endurecerse sin perder la ternura jamás".
Ao lado do cangaceiro Lampião - um assassino, saqueador, bandido, mas idolatrado homem nas terras nordestinas - surge mais um ser mitológico brasileiro, que é aclamado e tem seu rosto estampado em camisetas e bandeiras até hoje, 40 anos depois de sua morte. E eu me pergunto: por que não ficamos apenas com o Saci-Pererê, Iara, lobisomem, mula-sem-cabeça, Curupira, os inocentes seres do mundo fantástico?

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Para terminar bem a semana

A professora, faceira da vida, ensinando o sistema excretor aos seus alunos.
_ Então, o que mais liberamos do organismo?
Pedro* responde com ar pensativo:
_ Aquele gás sujo**, professora.
_ Muito bem! Isso mesmo, Pedro. E por onde liberamos esse gás?
Joãozinho* (sim, sempre ele), mais que depressa, responde:
_ Pela bunda, claro!
............Risos, muitos risos..............
*Nomes alterados para manter a privacidade dos alunos.
**Gás carbônico, amigos.

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Pôr-do-sol

Magnífico pôr-do-sol entre os prédios da cidade encerrou o dia gordo de sonhos, afazeres e ansiedades, sentimentos que dão borboletas no estômago e escassez de ar. O céu ganha a noite, a noite ganha as estrelas, as estrelas, escondidas, não ganham olhares, os olhares, cansados, ganham a coberta das pálpebras. Fim de um dia anunciando o começo de outro.