terça-feira, 31 de julho de 2007

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"Vazio agudo
ando meio cheio de tudo".

Faço minhas as palavras de Leminski

segunda-feira, 30 de julho de 2007

Fatos, mente e coração

Fatos. Falam por si mesmos, põem rédias, racionalizam,
mostram, denotam, apontam,
indicam, escancaram.
A mente, com capciosa doçura, enreda, inventa,
tece e destece ao seu contentamento.
E o coração - ah, o coração -, este aguarda
com paciência e sabedoria ser ouvido.
É o equilíbrio, a revelação.

domingo, 29 de julho de 2007

Varredura

Varredura... Ouvi esse termo pela primeira vez na aula sobre leitura, na especialização. Foi a mim apresentado por uma colega muito "bacana", de um jeito, no mínimo, singular.
Esse termo é usado na literatura, indicando ao leitor que antes de entrar no texto do livro propriamente dito é preciso passar pela orelha, nota do editor, nota do autor, nota do tradutor, data de publicação, introdução, apresentação, enfim... A varredura é um momento de mexer, vasculhar, olhar sob diferentes ângulos, remexer nos elementos pré-textuais - sim, eles servem para alguma coisa!
Hoje acordei pensando... Deveria estender esse termo para a vida.

sábado, 28 de julho de 2007

"Miguilim" de Guimarães Rosa chega à tela em Cannes

Miguilim é o personagem encantador do conto "Campo Geral", do livro Manuelzão e Miguilim, de J. G. Rosa. O enredo desenvolve-se a partir do olhar do menino sobre a vida no sertão de Minas Gerais, na sua relação com a mãe, com o pai, com a avó e, principalmente, com seu irmão Dito. A história é tecida com o apuro da linguagem típico das obras roseanas e, confesso, é uma das minhas preferidas, por tratar de sentimentos delicados e profundos num enredo simples e, ao mesmo tempo, tão elaborado.
Fiquei surpresa quando vi que meu o livro-do-coração irira ganhar uma adaptação cinematográfica. Primeiramente, fiquei ansiosa por ver a tradução do livro a uma outra linguagem. Mas, depois, refleti se realmente quero ver a adaptação realizada pela diretora Sandra Kogut, intitulada Mutum, espaço onde a história roseana se passa. Minha memória está povoada por meu Miguilim, pela cena tão viva e comovente da despedida do Dito e seu irmão, pelos Buritis e pelo Mutum que foram por mim criados a partir da narrativa tão rica do Guimarães... O livro é um engenho de fazer pensar... Daí minha dúvida em assistir ao filme. E se ele apagar minhas memórias e impressões, o meu Miguilim?

sexta-feira, 27 de julho de 2007

Um pouco de dona Cômoda hoje...

"Dona Cômoda tem três gavetas. E um ar confortável de senhora rica. Nas gavetas guarda coisas de outros tempos só para si. Foi sempre assim, dona Cômoda: gorda, fechada, egoísta".

Mário Quintana

quinta-feira, 26 de julho de 2007

Leitura e memória: toda teoria é seu acessório da biografia

(...)
Quando lemos um livro, um quadro, um filme, uma peça, um musical, enfim, um texto, deparamo-nos com alguns sinais que emanam uma motivação e que nos fazem acionar a memória, criar laços com a alma, com o coração. Esse acervo de histórias que fica em nossa memória nos faz refletir sobre o que lemos. Com a leitura, colhemos conhecimentos que são armazenados na memória; assim dá-se a interpretação, assim atribui-se à memória a condição de herança valiosa, que é renovada a cada dia. E como a memória de cada indivíduo conta com determinadas lembranças, cada leitor visita um texto de um modo, descobrindo nele diferentes tesouros. É como Helena Kolody diz sabiamente em um de seus poemas: no poema e nas nuvens, cada um descobre o que deseja ver. Abrir um livro, ver um filme, ouvir uma música, apreciar um quadro, é deixar aflorar as muitas malas contendo as bagagens da vida. É acessar memórias pessoais e coletivas e renová-las. É ler com olhos-de-ver-o-mundo, buscando o novo a partir da herança viva que se traz nas veredas da memória que, segundo Jacques Le Goff, em seu livro História e memória (1996), “é um elemento essencial do que se costuma chamar identidade, individual ou coletiva, cuja busca é uma das atividades fundamentais dos indivíduos e das sociedades de hoje, na febre e na angústia”.

quarta-feira, 25 de julho de 2007

Sala de aula

Volta das férias, alunos esperando no pátio ansiosos por um abraço, o que é o marco do início de mais um dia, de mais um semestre.
_ Cadê a chave da porta? Eu abro! (A professora esqueceu, ela sempre esquece de alguma coisa!).
_ Posso organizar o calendário? Hoje sou eu o ajudante.
_ A história... É hora de você contar O pequeno príncipe, esqueceu, professora?
_ Vamos fazer tarefa? Quero usar o caderno.
_ Eu sabia isso da centopéia não ter cem pés!
_ Quem já terminou? Está vendo, professora, mais da metade da sala, pode dar mais coisas pra gente fazer.
_ E o jornal? Temos que terminar, lembra, professora? É hoje que vamos gravar? Nãããão! Ah!
_ Onde está a caixa de cartas? Tenho uma pra colocar nela.
_ Não, não escreve com letra de forma. Você disse que depois das férias só usaríamos a manuscrita.
_ Faltaram dois alunos hoje. Então, somos em 26, porque a Kalwany foi embora... (Saudades).
_ Vamos cantar? A do homenzinho torto, agora.
_ Que bom! Vai ter tarefa pra casa!
_ Nossa! Já é hora de irmos embora? Não vai dar tempo da Rosa juvenil...
E assim, termina mais um dia de gostosuras e diabruras, de gostinho-de-é-isso-que-me-encanta. Que bom que amanhã tem mais.

terça-feira, 24 de julho de 2007

Voando

Voltando das já saudosas férias, passei por dois aeroportos. Alguns vôos atrasados, outros dois cancelados, mas saguões, corredores, poltronas, tudo propagando calmaria. Não havia gritos, nervosismo excessivo, palavras insanas, nada do habitual estado de ânimo visto por nós, espectadores, diariamente na telinha. Fica a questão: o quanto somos fantoches da mídia?

segunda-feira, 23 de julho de 2007

Mais uma viagem, novas impressões

Diferente. Sim, diferente, ainda que no mesmo país. Outros olhares, modos distintos de ler o mundo. Jeitinho mineiro de falar, grande muvuca de ônibus nas ruas, de muitas cores, mas sem-nomes, com-números. Pão de queijo a cada esquina, pão de sal nas padarias, o pirulito como ponto de referência aos turistas perdidos - no caso nós! Esperar o ônibus no meio da avenida, pagar 2,00 ao trocador e ver a lagoa no fim da tarde. E sair do hotel pela manhã, caminhando pelas ruas de BH já há muito povoadas, em busca do 8203 ou 8208, carregando nos braços uma blusa e na bolsa uma sombrinha, ainda que esteja quente. Olhar curitibano, tão arraigado em nosso ser, mesmo em outra terra, com outra gente.

Blog?

Blog sim . O primo Rafa deu a dica na noite dos netos, li o blog dele, gostei. Até quando? Não sei...
Ou melhor, sei... Até vir uma outra fase, e a tecelã descobrir outros fios. Afinal, isso é viver: um eterno movimento de ir-e-vir, o enredar e desenredar histórias, como bem coloca Guimarães.