sábado, 3 de dezembro de 2011

Doces memórias doces

Sinto saudades de quem está longe. Das conversas fora de hora. De chegar e olhar para cima, procurando a luz acesa do quarto.
Sinto saudades de quem partiu. Do riso sincero e franco. De fazer cafuné.
Saudades sinto também do tempo que foi. Das tardes na praça e na quadra, embaixo de sol e chuva, das paixões inocentes que ficaram lá trás.
O cheiro do lanche, o roçar das mãos, o gosto da cana cortada pelo avô e do doce de leite, as histórias contadas e recontadas, os discos voadores perseguidos nas noites de sexta-feira. Saudades! Tudo ultrapassado velozmente pelo tempo. Tempo esse que passou mas, generoso, não apagou da lembrança as doces memórias.

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Adeuses

Dia de despedida. A vida, em seu constante movimento do ir-e-vir, acaba mesmo sempre em despedida: despedidas que anunciam o novo e que despertam saudade.
Pouco menos de um ano vendo os mesmos olhares e trejeitos, aprendendo a reconhecer a voz, a letra, tentando até mesmo decifrar pensamento... Isso é aprender a conhecer. Aprender a gostar. Aprender a respeitar e a querer bem.
A tarde ensolarada de quase-dezembro foi inundada de música, conversa, futebol, guloseimas e muita - muita! - correria e animação. E também de sorrisos e algumas lágrimas.
Mais um rito de passagem se cumpre, adeuses invadem o coração e a espera pelo novo, pelo aprender-a-conhecer-novamente outros olhares compartilha o espaço com a saudade que começa a brotar.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Recuerdos

Saudades de quem não está ao alcance dos olhos, mas faz bater apressado o coração.
Faz a alma sorrir quando a memória desata a recordar de histórias que já foram um dia.
Faz as mãos sentirem o toque, o abraço que agora é preciosa recordação.
Saudades do que já foi e que, de certo modo, teimosamente ainda é em mim.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Ampulheta da vida

O tempo vai sinalizando o término de mais uma fatia da vida, o início de outra, e o trajeto de-um-lado-ao-outro é repleto de ventania, tempestade. As horas de sono diminuem ainda mais, a agenda fica com suas páginas coloridas de compromissos, o mural cheio de não-esqueça!, as pilhas de papel abarrotam todos os cantos e armários e estes pedem uma arrumação, por favor!
Mas também há flores e borboletas enfeitando este trajeto, lembrando as amizades feitas e refeitas, os sonhos sonhados e alguns conquistados, os livros lidos e relidos, os presentes recebidos dos meses do 2011 que vai acabando na ampulheta da vida.

domingo, 18 de setembro de 2011

Semana literária

O Sesc promoveu, aqui em Curitiba, uma semana repleta de discussões acerca da Literatura. Milton Hatoum, Ana Maria Machado, Cristóvão Tezza, Mariana Ianelli, Michel Laub, dentre outros, discutiram sobre o espaço ocupado pela literatura na sociedade atual. Os discursos, embora heterogêneos, perpassaram por caminhos comuns: a necessidade de formarmos leitores, a literatura que seduz, as relações entre realidade e ficção e o papel social da literatura, que descortina outras realidades ocultas, levando-nos a percorrer sendeiros inusitados, experimentando novas perspectivas e sentimentos.
Parabéns ao Sesc, ao José Castello e a todos os envolvidos por promover o encontro entre literatura, autores e leitores, alegrando mais uma semana fria na cidade.

domingo, 14 de agosto de 2011

Memória no palco

Entra no palco, entre luz e sombra, aquela figura pequenina e sorridente, segurando um violão, embalando o corpo de um lado para o outro com a melodia tocada. Assim Toquinho entra no palco do Teatro Positivo, cantando e tocando canções cravadas na história, embalando a noite de sábado com deliciosas lembranças.
A cada acorde tocado, o baú da memória é visitado, mexido e remexido. E dali, saltam os dias da infância, quando papai tocava violão nas noites sem luz do sobrado. O violão do irmão que rompia com o silêncio da praia. A voz encantada da avó explicando o que significava o "descolorirá" da vida. As aulas em que redescobri Vinicius de Morais, Tom Jobim, Toquinho, Baden Powell com o olhar da academia, mas sem abandonar o olhar do coração. O livro que anda meio adormecido na estante, com a história da Bossa Nova. As mãos entrelaçadas no auditório, ouvindo "os beijinhos que darei na sua boca", procurando algo mais... que não veio. As "Músicas para decifrar você" que chegaram, carinhosamente, pelo correio e que, mesmo depois de tanto tempo, ainda tocam. As ruas do Rio de Janeiro exalando toda a história da Bossa Nova. As mesmas ruas em que caminharam, num outro tempo, noutra terra, uma gente, uma vontade e um violão.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Oui?

Muitos amores
Alguns dissabores
Soma de encontros
E desencontros
O vem, o vai
O ir, o vir
C'est la vie!
Oui?

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Literatura, lugar de encontro

Ontem, numa noite fria curitibana, o calor das palavras de Bartolomeu Campos de Queirós aqueceu o coração dos presentes no Teatro Paiol.
O escritor, envolvido em seu cachecol, participou do belíssimo evento "Paiol Literário", um bate-papo acerca da literatura mediado por Rogério Pereira. Contou histórias de sua infância, falou do encantamento da literatura e dos grandes problemas que a sociedade enfrenta por não formar leitores.
Idealizador do "Manifesto por um Brasil literário", Bartolomeu vive a literatura com carinho e a tem como um lugar de encontro, como uma boa prosa com a dúvida, com a incerteza, com o encontro , com a delicadeza.
Quando questionado sobre o papel da escola na formação de leitores, com voz doce e olhar reflexivo, o autor diz que a escola foi feita para servir, a literatura para encantar. Como que contando "causos" fala do olhar do professor que imobiliza, da escola-que-é-mensurada-por-números e da necessidade do afeto, da carícia do olhar. Diz ainda que educar pressupõe deixar o outro ser dono do próprio destino e que a criança aprende para ser amada por aquele que sabe: o professor.
Portanto, enquanto a escola for medida com números e deixar o encantamento do lado de fora da sala de aula não será capaz de promover o encontro do leitor com a magia, com a liberdade, com a palavra que organiza o caos, com os silêncios do texto, com o mundo sonhado que só encontramos nas páginas de um livro.

domingo, 5 de junho de 2011

Você lembra?

Um dia, assim, de repente, abrimos os olhos um pouco diferente e descobrimos que não, o para-sempre não é mesmo para sempre.
As amizades não são para sempre.
Os amores findam.
A felicidade não é eterna.
Os bons momentos terminam.
A vida é um eterno ir-e-vir, o mundo gira-e-gira com o aval do tempo. Tudo muda, tudo passa,tudo acaba.
Mas nesse ir-e-vir, tudo também recomeça. Recebemos de presente outros amigos. Temos o coração calentado por novos amores. Nossos dias são invadidos por bons momentos que a felicidade - por vezes efêmera que só ela - traz.
E tudo que o tempo traz e leva tatua a memória. Assim, os cheiros, os sabores, os sons, as imagens, o calor da vida estão sempre a brincar de "você lembra?" com o pensamento e com o coração.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Literatura Infanto-Juvenil

Literatura Infanto-Juvenil é literatura, minha gente.
Literatura que inicia os leitores no mundo tão real e tão imaginário, literatura que seduz, literatura que liberta!

segunda-feira, 23 de maio de 2011

A banda mais bonita da cidade

O mesmo link com o título "Oração" apareceu com uma recorrência incrível no facebook neste final de semana. Meus olhos, de tanto visualizarem o link, aguçaram a curiosidade de alma que, finalmente, se rendeu. Que surpresa boa! Imaginei que fosse alguma oração-em-forma-de-música-gospel... Imaginação equivocada essa! A banda mais bonita da cidade,grupo aqui de Curitiba, gravou o clipe "Oração" de uma só vez, sem interrupções. A música, embora repita muitas e muitas vezes a pequena letra, tem uma melodia doce e, aliada à alegria do grupo, nos convida a saltar da cadeira e adentrar a aconchegante casa que serve de cenário. Os mais de 900 mil acessos no youtube mostram não só que a música agradou o público, mas a velocidade que a informação circula na internet. Aqui, informações sobre o show da banda dia 09/06, no Sesc da Esquina: http://www.sescpr.com.br/noticias.php?getNoticia=2433


quinta-feira, 5 de maio de 2011

Os 30!

À meia-noite, família reunida e o tradicional parabéns à você. Depois de abraços, presentes abertos e bonitas palavras ao pé d'ouvido, uma noite de sono tranquila. Ao acordar, beijo carinhoso da mãe, do irmão, da Nega. Um almoço preparado com carinho é compartilhado por pessoas queridas, embaladas pela conversa gostosa e pelo chorinho do sobrinho. Depois do café gostoso com o maninho e com a mãe-mais-especial-desse-mundo, aula! Mais um, mais dois, mais três!! parabéns à você e ao chegar em casa, a surpresa: pai, mãe, irmão, irmã, cunhado, sobrinho, vô, vó, primo, irmãozinho, todos envolta da mesa lindamente preparada pela irmã: chapeuzinho, bexiga, pizza, brigadeiro que só ela sabe fazer e cerejas! E assim, entre muitos parabéns, abraços fraternos, sorrisos queridos e bolo começaram meus 30 anos (ou, como quer meu irmão, meu 31º ano de vida, ainda incompletos).

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Literatura e torta: combinação perfeita

Um livro estava morando já há algum tempo na minha estante, aguardando ser aberto. Deveria ter ganhado vida no primeiro semestre do ano passado, quando fiz a disciplina da professora Marta, mas... Enfim, sempre tem o "mas" se intrometendo onde não foi convidado. E sendo ludibriado logo em seguida.
Há cerca de duas semanas, abri finalmente o livro e me deliciei a cada página. "A sociedade literária e a torta de casca de batata", de Annie Barrows, mostra como a literatura pode transformar a vida de pessoas que viveram o terror da Segunda Guerra, na pequena Guernsey. Compartilhando leituras e tortas de casca de batata, as personagens desse romance epistolar procuram um meio de sobreviver a todo o horror de uma guerra.
Nas cartas, as personagens vão tecendo suas histórias, relatando suas vivências, temores, expectativas. E nós, leitores, vamos nos familiarizando e nos enternecendo com cada história contada. Mas - olha o "mas" aí novamente -, apesar da agradável leitura envolvendo livros e leitores e tortas (um trio para ninguém botar defeito), o final deixa a sensação de que algo poderia ser melhor: o happy end só afirmou o já esperado desde o início do enredo.

sábado, 19 de março de 2011

Vermelho como o céu

Ontem, depois das últimas aulas da semana, revi um filme daqueles que fazem um bem enorme para a alma, para o coração.
Mesclando a narrativa com a poesia, o filme italiano do diretor Cristiano Bortone conta a história de Mirco, um garotinho que perde a visão após um acidente. Sem pieguice, o filme aborda com simplicidade a infância de garotos que, como Mirco, descobrem que podem fazer da cegueira uma aliada, vivenciando momentos de ternura, revolta, prazer, alegria e tristeza, regados à imaginação e à peraltice.

título original: (Rosso Come Il Cielo)
lançamento: 2006 (Itália)
direção:Cristiano Bortone
atores:Francesco Campobasso, Luca Capriotti, Simone Colombari, Marco Cocci.
duração: 96 min
gênero: Drama

sábado, 29 de janeiro de 2011

Biutiful

Cheguei ao shopping, estacionei o carro, desci a escada rolante. Não havia fila, cheguei ao balcão e pedi: "uma entrada para o Biutiful, por favor". Olho no relógio, ainda havia tempo. Subi novamente a escada, adentrei a livraria. No vai-e-vem entre as estantes, um novo livro sobre o Chico Buarque e um CD da Maria Gadú. Olho no relógio, 5 minutos para a sessão. Bom chegar assim, bem na hora, para não haver perigo da solidão sentar ao meu lado. Desci uma vez mais a escada, parei, comprei guloseimas e adentrei a sala...cheia! Escolhi um lugar mais discreto, sentei e foi assim que comecei a assistir ao meu primeiro filme sozinha. Nada de troca de olhares reprovando uma cena, risinhos de gostosura ou mãos entrelaçadas. Nada de esse-filme-do-trailler-eu-quero-assistir ou afago e beijinho. Só eu e os personagens, que sofriam no mais terrível jogo da vida. E os estranhos que se fizeram presentes de repente, quando levantaram com o filme ainda na tela, saindo da sala com cara de o que é isso...