domingo, 30 de março de 2008

Salmo 91

Sarcasmo, humor, performance e texto impecáveis. Foi o que vi na peça Salmo 91 do Festival de Teatro de Curitiba, uma adaptação do livro Carandiru, de Dráuzio Varela.
A vida-morte dos presos naquele que foi o maior presídio da América Latina é retratada em 10 cenas. Cada uma delas apresenta uma personagem, retratando suas virtudes e crimes por meio de monólogos que dão às palavras um sopro de força, de revolta, de conformação fingida. A palavra se sobrepõe à ação, já que num espaço de confinamento é a palavra o que resta aos presidiários.
Interligando as 10 cenas como uma grande colcha de retalhos, aparece a bola, ora como personagem, ora como objeto, relembrando a final do campeonato de futebol que pode ter sido o estopim da rebelião e do posterior massacre no Carandiru.
Sem dúvida, o público curitibano foi presenteado na noite de sábado com uma peça que conta com um enredo e atuações primorosas, que despertam todos os sentidos do espectador com a força da palavra, o impacto da verdade e dos mais assustadores comportamentos do ser humano, o cenário, o figurino, a atuação, o aroma do café, o cheiro do cigarro, o gosto da cabeça de um rato e as dores físicas e morais, tudo tão próprio de um ambiente hostil e repleto de gente que traz inerente ao ser crimes, sofrimento, iniqüidade, vontades, desesperança, instinto de sobrevivência e fé.
"AQUELE que habita no esconderijo do Altíssimo, à sombra do Onipotente descansará".
Ficha técnica:
Direção: Gabriel Villela
Elenco: Pascoal da Coceição (Dada e Veio Valdo), Pedro Moutinho (Charuto e Valente), Rodrigo Fregnan (Nego-Preto e Zé da Casa Verde), Ando Camargo (Zizi Marli e Edelso) e Rodolfo Vaz (Bolacha e Veronique).

sábado, 29 de março de 2008

Afetar!


Encontros inesperados são os melhores que existem. Pensei em algo assim quando saí hoje da PUC. Uma surpresa, um mate batido e a conversa que, entre novidades e descobertas, sempre se repete num constante vai-e-vem. Falar de afeto depois de vivenciá-lo em algumas aulas com as formadoras-de-leitores-afetivos é sempre um imenso prazer, adocicado pelas lembranças que povoam a memória. Mesmo que seja uma certa lembrança daquela que foi Lupe por um dia, dizendo que meu casaco se parecia com uma cortina de cozinha...

domingo, 23 de março de 2008

Receita de viajar no tempo


andar para trás para trás para trás
dar a mão para a mãe para a avó-bisavó
feche os olhos abra os olhos feche e abra
a porta da roda da morte e da vida
essa é a dança ciranda do tempo
entre na água no meio do vento
e semeie futuro em terra azul

(Roseana Murray)

sábado, 8 de março de 2008

Leitura


“Minha professora incentiva a leitura porque os olhos ficam brilhantes, o rosto se enche de vida, os passos ficam mais leves, descobrimos a alegria de ler e o conhecimento entra em nossas vidas”.
Bianca Gunha Mendes - 9 anos


“Minha professora incentiva a leitura porque no futuro teremos um mundo melhor com muita imaginação e criatividade”.
Jaqueline de Souza Ortiz - 9 anos

Tricotando a vida


Acordei hoje com o coração cheio de domingo. Uma alegria incontida, acho que tive bons sonhos. Deparei-me agora com uma imagem tão bonita, desenhada com letras pela Fina Flor. A avó tricotando idéias despertou em mim algumas lembranças que estavam adormecidas.

Também tenho uma avó que tricotou momentos doces da minha infância. E tricota dias bons até hoje. Foi por suas mãos que adentrei o mundo do faz-de-conta da literatura, quando as noites de sábado em sua casa eram embaladas por contos de fadas e histórias que ela criava, assim, repentinamente. Com sua voz doce, narrava aquele mundo imaginário que transforma, assusta, encanta. E é ainda pelas mãos da minha avó que recebo muitos dos livros que tenho visitado. Essa avó que tricota colorido a colcha de retalhos que é a vida.


domingo, 2 de março de 2008

Brasil

Duas vezes o assunto foi colocado em pauta na conversa descontraída de sábado. Primeiro, durante a caminhada no Parque Barigüi, depois, na divertida noite que teve dois endereços -Hora Extra e Bagdá Café. É possível falar em apenas um aspecto típico do Brasil, sem cair na falseta do estereótipo? Qual é a comida típica brasileira? Feijoada? Qual é a dança representante da cultura brasileira? Samba? E a festa, carnaval?
Cada canto do nosso imenso Brasil tem seus costumes. Difícil pensar em uma comida, uma dança, um ritmo. Até mesmo o carnaval, reconhecido internacionalmente, é diferente em cada região. Isso sem falar nas regiões onde praticamente inexiste - caso de Curitiba.
Bacana isso. Vivemos num imenso emaranhado cultural. As linguagens são múltiplas, as cores variadas e a cultura diversa. Tudo isso numa terrinha chamada Brasil.