domingo, 14 de agosto de 2011

Memória no palco

Entra no palco, entre luz e sombra, aquela figura pequenina e sorridente, segurando um violão, embalando o corpo de um lado para o outro com a melodia tocada. Assim Toquinho entra no palco do Teatro Positivo, cantando e tocando canções cravadas na história, embalando a noite de sábado com deliciosas lembranças.
A cada acorde tocado, o baú da memória é visitado, mexido e remexido. E dali, saltam os dias da infância, quando papai tocava violão nas noites sem luz do sobrado. O violão do irmão que rompia com o silêncio da praia. A voz encantada da avó explicando o que significava o "descolorirá" da vida. As aulas em que redescobri Vinicius de Morais, Tom Jobim, Toquinho, Baden Powell com o olhar da academia, mas sem abandonar o olhar do coração. O livro que anda meio adormecido na estante, com a história da Bossa Nova. As mãos entrelaçadas no auditório, ouvindo "os beijinhos que darei na sua boca", procurando algo mais... que não veio. As "Músicas para decifrar você" que chegaram, carinhosamente, pelo correio e que, mesmo depois de tanto tempo, ainda tocam. As ruas do Rio de Janeiro exalando toda a história da Bossa Nova. As mesmas ruas em que caminharam, num outro tempo, noutra terra, uma gente, uma vontade e um violão.