sábado, 31 de maio de 2008

Lampejos de memória

Entrou naquela casa escura, de portas e janelas fechadas e não mais saiu. Via pequenos fachos de luz adentrar as frestas, o que dava uma certa noção do tempo que ia passando. Via o dia e a noite, num movimento que parecia não ter fim. Via o tempo, mas não o sentia, não o vivia.
Na casa, tudo parecia igual: móveis antigos, chão de madeira escura, cortinas de setim pardo e o cheiro de mofo adentrando a narina e todos os poros do seu corpo franzino. Sentou-se em uma poltrona e ali deixou-se ficar por horas, dias, talvez anos.
Como companhia tinha a memória. Tudo o que um dia viveu, ouviu, viu, sentiu estava ali, insistentemente. E o tempo passava, mas parecia haver parado no momento em que pisou a casa escura. Reviveu as memórias, naquela mesma poltrona, até o dia em que não pode mais lembrar.

Um comentário:

Anônimo disse...

texto bem delineado de memórias, parabéns!!