sábado, 11 de agosto de 2007

Um sábado de transformações

Ontem fui dormir tarde e já sofrendo por antecipação: acordar cedo para passar o sábado todo no Seminário de Língua Portuguesa. Mas, foi um sábado transformador.

Dentre as palestras e oficinas de pensadores da linguagem como Eleonora Scliar-Cabral e Angela Mari Gusso, tivemos o privilégio - e o desconforto - de ouvir Luiz Percival Leme Britto. Desconforto porque o Percival provocou, instigou, desafiou.

Falou da escrita enquanto instrumento - perigoso! - de poder, de organização social, de expansão da memória, de intervenção no espaço social. E da responsabilidade esquecida pela escola de ensinar a pensar e a refletir sobre a escrita, sobre a língua, tão marcada ideologicamente.

A escola de hoje ensina a escrita algemada ao contexto, que é automática, "irrefletida": ler o nome, placas de trânsito, panfletos e o nome do ônibus É POUCO! Esses são textos que reduzem à decodificação, textos colados ao senso comum, que não exigem reflexão, não transformam.

A educação deve centrar-se não no contexto imediato, esse é somente o ponto de partida. O cerne da aprendizagem deve ser a reflexão, a democratização da cultura e dos saberes, o novo. Transcender a cotidianidade, pensar e intervir: isso é a aprendizagem transformadora, que leva à amplitude da visão de mundo!

Um comentário:

justfeel disse...

É estranho saber que há algumas portas (que não sejam as mesmas para pessoas diversas, que não sejam iguais, mas portas) que nunca serão abertas por algumas pessoas...


Infeliz escassez de privilegiados a conhecer suas palavras na rede.