Caminhando pela praia, foi surpreendida pela chuva. Gota a gota, o corpo foi se entregando àquele saboroso prazer. E a mente não pôde deixar de pensar ao constatar a entrega: se, ao invés da areia da praia os pés estivessem tocando o asfalto da cidade, não haveria surpresa nem entrega. Na bolsa, há sempre uma sombrinha. Na bolsa e na vida.
Então, docemente embriagada por cada gota resplandecente e pelo cheiro de terra molhada mesclado com o aroma salgado do mar, resolve que quando os pés tocarem novamente o asfalto, guardará a sombrinha na gaveta do passado.